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INVESTIGAÇÃO

Justiça quebra sigilo de cartões corporativos do Corinthians por suspeita de gastos irregulares

Ministério Público apura movimentações nas gestões de Andrés Sanchez, Duílio Monteiro Alves e Augusto Melo

19 setembro 2025 - 13h25Bruno Accorsi e Rodrigo Sampaio
Cartões corporativos do Corinthians estão sob investigação por suspeita de uso indevido entre 2018 e 2025.
Cartões corporativos do Corinthians estão sob investigação por suspeita de uso indevido entre 2018 e 2025. - Reprodução/Instagram @corinthians
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A Justiça de São Paulo autorizou a quebra de sigilo dos cartões de crédito corporativos do Corinthians como parte de uma investigação conduzida pelo Ministério Público (MP), que apura suspeitas de gastos indevidos no clube entre 2018 e 2025. A decisão foi da juíza Marcia Mayumi Okoda Oshiro, da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores, a pedido do promotor Cássio Roberto Conserino.

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A medida atinge as administrações dos ex-presidentes Andrés Sanchez, Duílio Monteiro Alves e do atual dirigente destituído Augusto Melo. A apuração teve início após uma reportagem do GE revelar transações suspeitas durante a gestão de Duílio.

Na terça-feira (16), o Corinthians informou em nota oficial que entregou todos os “documentos solicitados pelo MP relativos aos cartões de crédito e relatórios de despesas” e declarou estar à disposição da Justiça. No entanto, a promotoria avalia que houve demora no envio dos dados, o que justificou o pedido de quebra de sigilo.

Notas frias e endereço sem comércio

Outro alvo da investigação é o Oliveira Minimercado, empresa suspeita de emitir notas fiscais frias para o clube. O MP detectou um gasto de R$ 32,5 mil com o estabelecimento apenas na última semana de outubro de 2023. O promotor afirma que esteve no endereço e constatou que “não consta ou constou comércio algum no local”.

A empresa entrou com habeas corpus para tentar barrar a quebra de sigilo, mas a autorização foi mantida.

O caso ganhou notoriedade após faturas do cartão corporativo do Corinthians vazarem nas redes sociais. Entre os episódios já conhecidos, destaca-se o ex-presidente Andrés Sanchez, que admitiu ter usado o cartão do clube “por engano” durante uma viagem de réveillon entre 2020 e 2021. O valor foi de R$ 9.416 e, após a repercussão, ele restituiu o clube com juros.

Invasão e sumiço de documentos

A investigação enfrenta ainda entraves relacionados à integridade documental. O Corinthians afirmou que houve furto de documentos no dia 31 de maio, quando Augusto Melo — afastado à época — invadiu a sala da presidência com aliados e tentou retomar o poder por meio de uma liminar. O clube argumenta que documentos ligados aos cartões podem ter sido levados nessa ocasião.

Apesar das alegações, o Ministério Público segue com a apuração, que visa entender a amplitude dos gastos suspeitos e eventuais desvios de recursos no clube ao longo das últimas gestões.

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