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No Corinthians, nada é simples — nem o nome do estádio. Depois de uma eleição tumultuada, o agora presidente oficial, Osmar Stábile, quer rever um dos contratos mais simbólicos e caros do clube: o que dá nome à arena em Itaquera. A Neo Química Arena, como é chamada desde 2020, pode mudar de nome nos próximos meses. O dirigente diz que já negocia com três empresas interessadas.
O atual acordo, fechado com a Hypera Pharma, prevê o pagamento de R$ 300 milhões ao longo de 20 anos, até 2040. Mas, segundo Stábile, o valor "ficou defasado". A multa para encerrar o contrato vai diminuindo a cada 1º de setembro — o que abre brecha para negociação neste momento.
“Na época que foi fechado, todos elogiaram. Mas hoje o valor está baixo. É obrigação do presidente trabalhar isso”, afirmou, em coletiva realizada no salão nobre do Parque São Jorge logo após ser eleito oficialmente no dia 25 de agosto. “Já tem três empresas interessadas e pode chegar mais uma.”
Revisando contratos e dívidas - A mudança nos naming rights da arena faz parte de uma tentativa maior de reorganizar as finanças do clube. Em outro ponto da entrevista, Stábile confirmou que o Corinthians está negociando o pagamento de cerca de R$ 11 milhões em bônus com o atacante Memphis Depay, contratado no início do ano.
O valor se refere a metas atingidas pelo jogador, cujo prazo de pagamento venceu no último dia 20. A direção tenta parcelar o débito, e o presidente afirmou que o atleta segue feliz no clube. “Ele está a todo vapor”, resumiu.
Fachada da Neo Química Arena, estádio do Corinthians em Itaquera; contrato de naming rights pode ser revisto pela nova gestão do clube.
Velhos nomes, novas decisões - Além dos contratos, Stábile também teve que lidar com questões políticas. Uma delas envolvia a permanência de Fabinho Soldado no cargo de gerente de futebol. Mesmo com o cenário incerto antes da eleição, o presidente confirmou que Fabinho segue no cargo e que não pretende nomear um diretor estatutário de futebol neste momento.
“Ele está comprando a filosofia nova. Contratações dentro das possibilidades do Corinthians. Fizemos ajustes, ele entendeu”, disse.
A sombra de Andrés e a pressão das torcidas - Outro tema espinhoso surgiu durante a coletiva: a possível presença de integrantes do grupo Renovação e Transparência, ligado ao ex-presidente Andrés Sanchez, na nova diretoria. O nome do grupo voltou ao debate após críticas vindas da torcida Gaviões da Fiel, representada por seu presidente, Alê, que estava presente no evento.
Stábile não foi direto ao dizer se incluirá pessoas do grupo político de Andrés, mas tentou tranquilizar os presentes. “Figurinha carimbada que trabalhou em outras gestões, não vai ter nessa gestão”, garantiu.
Arena no centro das atenções - O contrato com a Hypera Pharma tem sido apontado por conselheiros e dirigentes como desatualizado diante dos valores praticados atualmente no mercado esportivo. A cláusula de rescisão gradual, que reduz a multa a cada ano, foi uma das condições que permitiram a negociação agora.
Apesar de evitar promessas, Stábile deu sinais claros de que a Neo Química pode deixar de dar nome ao estádio em breve. E isso, no Corinthians, é muito mais do que uma troca de placa na fachada: é uma mudança de postura, de contrato e, principalmente, de receita.
