
Vivendo uma das maiores crises financeiras de sua história, o Corinthians estuda recorrer a um empréstimo de R$ 100 milhões com a Liga Forte União (LFU) para conseguir fechar os dois últimos meses de 2025. A grave situação foi discutida em reunião do Conselho de Orientação (Cori), realizada no último dia 29 de outubro no Parque São Jorge.
De acordo com a ata da reunião, obtida pelo jornal Estadão, o presidente interino Osmar Stábile apresentou aos conselheiros o cenário dramático: o clube não tem recursos para honrar compromissos financeiros em novembro e dezembro. A dívida total da instituição já ultrapassa os R$ 2,7 bilhões.
Durante a reunião, um dos diretores presentes reconheceu que o fluxo de repasse atual da LFU não é suficiente para manter a operação do clube, indicando a necessidade urgente de aporte. A solução discutida foi um empréstimo dividido em duas partes: R$ 72,5 milhões até dezembro e R$ 27,5 milhões para janeiro de 2026.
O financiamento teria taxa de juros equivalente a CDI + 3% ao ano, sendo pago a partir de receitas futuras já contratadas com a LFU. O Corinthians tem direito a receber cerca de R$ 210 milhões anuais pelos direitos de transmissão até 2029, mas já comprometeu parte desse valor ao assinar um empréstimo de R$ 150 milhões com a própria liga.
Esse empréstimo anterior está sendo abatido com desconto anual de R$ 30 milhões no repasse. Se aprovada a nova solicitação, o clube se comprometeria a pagar duas parcelas de aproximadamente R$ 36 milhões a partir de 2026. A proposta foi aprovada por unanimidade pelo Cori, restando agora a avaliação final do Conselho Deliberativo.
Revisão orçamentária e rombo de R$ 83 milhões - A crise orçamentária do clube se agravou após o impeachment do ex-presidente Augusto Melo, cuja gestão projetava um superávit de R$ 34 milhões para 2025. Após sua saída, a atual diretoria precisou rever as contas e a nova estimativa aponta para um déficit de R$ 83 milhões até dezembro.
Para tentar reverter o cenário, a diretoria aposta na negociação dos naming rights da Neo Química Arena, buscando triplicar o valor do atual contrato com a Hypera Pharma, que pagará aproximadamente R$ 300 milhões até 2040. A ideia é alcançar um novo aporte que ajude a equalizar parte das dívidas e recupere a imagem de crédito do clube.
Fifa impõe punições por dívidas com clubes e atletas - A situação financeira do Corinthians também já começa a refletir diretamente no futebol. O clube sofreu um transfer ban da Fifa por conta de dívidas não quitadas com o Santos Laguna, no valor de R$ 33 milhões, referente à compra do zagueiro Félix Torres.
Além disso, há outras condenações em curso por contratações não pagas, totalizando cerca de R$ 120 milhões em pendências com atletas e clubes internacionais. Com o bloqueio da Fifa, o clube fica impedido de registrar novos jogadores, o que compromete diretamente o planejamento para a temporada 2026.
Futuro incerto e cenário de alerta - Apesar da tentativa de buscar novos aportes, o Corinthians enfrenta um cenário financeiro crítico e que exige decisões rápidas e estratégicas. As dívidas bilionárias, os bloqueios da Fifa e a queda de arrecadação têm dificultado qualquer planejamento de médio e longo prazo.
A expectativa é de que o Conselho Deliberativo analise e vote a nova proposta de empréstimo nas próximas semanas, mas mesmo com a liberação dos recursos, o clube ainda precisará rever profundamente sua estrutura de gastos e repensar sua gestão administrativa para evitar o colapso financeiro completo.

