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Desvio de ingressos no Corinthians chega a 8 mil por jogo antes de implementação da biometria

Investigação interna aponta irregularidades na distribuição de ingressos e uso indevido de cartões corporativos do clube

1 agosto 2025 - 18h45Bruno Accorsi
Romeu Tuma Júnior, presidente do Corinthians.
Romeu Tuma Júnior, presidente do Corinthians. - (Foto: Mastrangelo Reino/Estadão)

O Corinthians enfrentou sérios problemas de irregularidades na distribuição de ingressos antes da adoção do sistema de reconhecimento facial na Neo Química Arena. Segundo Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do clube, mais de 8 mil ingressos eram desviados por jogo. Em uma coletiva realizada na última sexta-feira (28), ele revelou que a distribuição de ingressos era feita de forma "equivocada, irregular e até ilegal", prejudicando a arrecadação e o acesso de torcedores fiéis aos jogos.

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Tuma Júnior explicou que, após a identificação dos desvios, os ingressos voltaram a ser disponibilizados para os torcedores comuns e para o programa Fiel Torcedor. Segundo ele, a diferença de arrecadação foi evidente, com públicos semelhantes gerando valores bastante distintos em termos de bilheteira. "Os últimos três jogos com 30 mil torcedores geraram a mesma renda de uma partida com 46 mil. O clube estava deixando de arrecadar cerca de R$ 1 milhão por jogo", disse Tuma.

Entre os exemplos de irregularidades, Tuma citou o clássico Corinthians x Palmeiras, realizado na última quarta-feira, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. O jogo teve cortes em mais de mil cortesias, 4 mil ingressos excluídos do Fiel Torcedor, 2,5 mil ingressos retirados do sistema e 300 ingressos da Fiel Zone, área vip, distribuídos fora dos contratos. Além disso, 500 ingressos para camarotes também foram oferecidos sem a devida documentação.

O sistema de reconhecimento facial, implementado após o Mundial de Clubes, visa combater esses problemas e tornar a venda de ingressos mais justa e transparente. A tecnologia permitiu que o clube aumentasse o acesso para mais torcedores, especialmente em jogos de grande demanda, como o clássico contra o Palmeiras, que foi amplamente disponibilizado para diferentes faixas de sócios-torcedores.

Cartões corporativos e investigações internas

Além dos problemas com a distribuição de ingressos, a atual gestão também está investigando o uso indevido de cartões corporativos durante as gestões dos ex-presidentes Andrés Sanchez e Duílio Monteiro Alves. O Conselho Deliberativo do Corinthians apura movimentações financeiras suspeitas, que agora também estão sendo investigadas pelo Ministério Público (MP).

Tuma Júnior propôs a extinção dos cartões corporativos do clube, por considerá-los desnecessários e sem regulamentação interna. "Não tem regulamentação no estatuto, nem no regimento administrativo. O MP já me convocou para prestar esclarecimentos", afirmou. Além disso, o Conselho registrou um boletim de ocorrência após perceber o desaparecimento de documentos de controle de despesas, com suspeitas de que a subtração tenha ocorrido durante um episódio de invasão no Parque São Jorge.

Em relação ao uso do cartão corporativo, o ex-presidente Andrés Sanchez admitiu ter utilizado o cartão do clube para despesas pessoais no valor de R$ 9 mil, no Réveillon de 2020 para 2021. Sanchez explicou que houve um erro ao confundir o cartão corporativo com o seu cartão pessoal, e que já havia ressarcido o clube pela despesa.

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