
O Corinthians enfrenta um dos momentos mais delicados de sua história recente. Com quatro condenações na Fifa e dois recursos negados pela Corte Arbitral do Esporte (CAS), o clube já acumula cerca de R$ 120 milhões em dívidas internacionais. O caso mais recente envolve o Philadelphia Union, da Major League Soccer (MLS), pela contratação do volante José Martínez, em 2024.

O débito junto ao clube norte-americano é de US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 8 milhões). No ato da transferência, a gestão de Augusto Melo pagou apenas US$ 200 mil dos US$ 1,7 milhão acordados, deixando três parcelas em aberto.
Condenações acumuladas na Fifa
Além do caso Martínez, o Corinthians tem outras pendências que somam dezenas de milhões:
Santos Laguna (México): cerca de R$ 40 milhões pela contratação do zagueiro Félix Torres;
Matías Rojas (Paraguai): R$ 41 milhões após rescisão por atraso salarial;
Talleres (Argentina): US$ 4,33 milhões (R$ 23,35 milhões) pela contratação de Rodrigo Garro;
Shakhtar Donetsk (Ucrânia): € 1,075 milhão (R$ 6,76 milhões) pelo empréstimo de Maycon.
Transfer ban e risco de punições
O clube já sofre as consequências. Desde agosto, está proibido de registrar novos jogadores devido ao transfer ban imposto pela Fifa por causa do caso Félix Torres. A punição vale por três janelas de transferências, mas pode se tornar fixa se os valores não forem pagos.
Em situações mais graves, há ainda a possibilidade de perda de pontos no Brasileirão — ou até de rebaixamento, em caso de reincidência, como explica o advogado especializado em Direito Desportivo Cristiano Caús:
“Passado o período de três janelas e persistindo o descumprimento, será aplicada a pena de perda de pontos, podendo chegar ao rebaixamento em casos mais graves e reiterados”, disse.
Esse tipo de sanção já ocorreu no futebol brasileiro: em 2020, o Cruzeiro iniciou a Série B com seis pontos negativos por dívida com o Al-Wahda (Emirados Árabes).
Tentativas de acordo
O Corinthians tenta negociar modelos de pagamento, principalmente com Rojas e o Santos Laguna. No caso de Félix Torres, a diretoria buscou um acordo para pagar 70% da dívida (R$ 28 milhões), mas os mexicanos aceitaram apenas 90% (R$ 36 milhões).
Enquanto busca soluções, o clube vive sob a pressão de evitar que a bola da dívida, já em R$ 120 milhões, traga não só colapso financeiro, mas também consequências esportivas diretas.
