
O uso de gramados sintéticos voltou a dividir opiniões no futebol brasileiro. Nesta quintafeira, Palmeiras e outros clubes que jogam em campos artificiais emitiram uma resposta unificada às críticas que ganharam força na última semana.
Em uma nota publicada nas redes sociais, Palmeiras, Athletico Paranaense, AtléticoMG, Botafogo e Chapecoense disseram que a grama artificial é adotada de forma “responsável e regulamentada” e que ataques ao tipo de piso reduzem um tema complexo a uma narrativa simplificada. A nota também afirma que não existe estudo científico definitivo que prove aumento de lesões em gramados sintéticos modernos e que é preciso tratar da questão com seriedade, com dados concretos.

A discussão tomou corpo depois de declarações públicas de jogadores e técnicos, entre eles o técnico do Flamengo, que criticou o uso de grama artificial. Em coletiva no Catar, durante a disputa da Copa Intercontinental, o treinador Filipe Luís argumentou que campeonatos europeus não lidam com gramados sintéticos e que isso pode “desvalorizar o produto” e afastar público e patrocinadores. Ele também citou a qualidade de campos naturais, como o da final da Libertadores em Lima, como referência.
O Flamengo tem sido o clube mais enfático contra o piso artificial. O presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, chegou a propor à CBF a inclusão da proibição do gramado sintético no projeto de fair play financeiro, proposta rejeitada pela entidade. Mesmo assim, dirigentes rubronegros seguem defendendo um grupo de trabalho para avaliar o assunto, embora não esteja entre as prioridades da CBF.
O cenário para 2026 - A polêmica ganha relevância porque o Campeonato Brasileiro de 2026 poderá ter ainda mais jogos em gramados sintéticos. Além de Palmeiras (Allianz Parque), Botafogo (Nilton Santos) e AtléticoMG (Arena MRV), Athletico Paranaense (Ligga Arena) e Chapecoense (Arena Condá) retornaram à elite com campos artificiais. O Vasco, com a reforma de São Januário, deve mandar jogos no estádio do Botafogo.
Diante desse cenário, a CBF anunciou que vai montar uma equipe para discutir a qualidade dos gramados nos estádios, incluindo os sintéticos. A ideia é criar parâmetros mais claros e oferecer um período de adaptação aos clubes, com possíveis incentivos para adequação.
Jogadores como Neymar, Thiago Silva e Lucas Moura também participaram de um movimento contra o gramado sintético neste ano, impulsionando uma campanha nas redes sociais para que partidas oficiais deixem de ser realizadas em pisos artificiais. Essas movimentações mostram que a discussão ultrapassa as preferências de clubes e toca diretamente atletas e mercado.
No centro do debate estão opiniões conflitantes: de um lado, dirigentes e clubes que veem no sintético uma solução viável para manutenção, custos e uso em locais onde a grama natural não se firma bem; de outro, técnicos e jogadores que associam o piso artificial a menor qualidade de jogo e potenciais riscos físicos.
Esse embate deve continuar enquanto a discussão sobre gramados ganha espaço nas conversas sobre o futuro do futebol nacional.

