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MUNDIAL DE CLUBES

Clubes brasileiros lideram Mundial e mostram força diante de gigantes europeus

Com vitórias sobre PSG e Chelsea, times do Brasil ganham destaque nos EUA e colocam em xeque postura das potências da Europa no torneio

23 junho 2025 - 10h45Rodrigo Sampaio
O ítalo-brasileiro Jorginho é um dos destaques do Flamengo no Mundial de Clubes.
O ítalo-brasileiro Jorginho é um dos destaques do Flamengo no Mundial de Clubes. - Foto: David Ramos/AFP

Times brasileiros têm roubado a cena no Mundial de Clubes da Fifa, disputado nos Estados Unidos. Flamengo e Botafogo venceram, com autoridade, Chelsea e Paris Saint-Germain, respectivamente, e fecharam a segunda rodada da fase de grupos na liderança de suas chaves. Palmeiras e Fluminense também mostraram competitividade ao empatar com Porto e Borussia Dortmund. O bom desempenho dos clubes nacionais, no entanto, vai além da técnica: há pelo menos cinco fatores que ajudam a explicar esse domínio inesperado sobre potências europeias.

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Um dos principais pontos é a diferença de momento entre os elencos. Enquanto os brasileiros atravessam o meio da temporada, com o físico em alta, os times europeus chegam aos Estados Unidos no limite. Um exemplo é o Real Madrid, que enfrentou o Pachuca após disputar 64 partidas no ano. Em contraste, clubes como o Botafogo, que disputou 75 jogos em 2023, chegam mais preparados, mesmo em meio à intensa maratona do futebol brasileiro.

Torcedores do Palmeiras estão em peso nos EUA para ver os jogos do time no Mundial. Foto: Franck Fife/AFP

A diferença de mentalidade também pesa. A competição tem menor apelo para os torcedores e clubes da Europa, que veem o torneio com reservas. A ideia de boicote chegou a circular entre dirigentes. Por aqui, o Mundial é encarado como grande oportunidade de projeção internacional. E essa seriedade se reflete em campo.

Outro fator é o apoio massivo dos brasileiros nos EUA. As torcidas transformaram os estádios em verdadeiras extensões de casa. A partida com maior público da competição, até o momento, foi a vitória do Flamengo sobre o Chelsea: 54.019 pessoas assistiram ao jogo no Lincoln Financial Field, na Filadélfia. No Rose Bowl, em Pasadena, o Botafogo superou o PSG diante de 53.699 torcedores. Em dias anteriores, palmeirenses já haviam tomado pontos turísticos de Nova York.

As altas temperaturas enfrentadas nas cidades-sede também têm pesado contra os times europeus. Em jogos com mais de 30 graus, como no duelo entre Borussia Dortmund e Mamelodi Sundowns, atletas do time alemão preferiram o vestiário com ar-condicionado ao banco de reservas. Para clubes brasileiros, o clima não representa grande novidade — o verão é cenário comum de competições nacionais.

Nível técnico e preparo tático fazem a diferença - Apesar de os clubes brasileiros ainda estarem distantes de gigantes como Real Madrid, Manchester City e Bayern de Munique, não são mais tratados como azarões. Flamengo, Palmeiras e Botafogo vêm investindo pesado em elencos e estruturas. As equipes combinam jovens promessas, como Estêvão, a nomes experientes com passagem pela Europa, como Thiago Silva (Fluminense) e Alex Telles (Botafogo).

Além disso, os clubes contam com treinadores que somam vivência internacional e repertório tático moderno. Abel Ferreira e Renato Paiva, portugueses no comando de Palmeiras e Botafogo, respectivamente, representam esse perfil. Filipe Luís, no Flamengo, trouxe a experiência acumulada em clubes europeus. Renato Gaúcho, do Fluminense, é o único técnico com carreira construída inteiramente no Brasil.

Se a força técnica dos brasileiros já não surpreende, o que chama atenção neste Mundial é o contexto que favorece o bom desempenho. As circunstâncias — físicas, climáticas, estruturais e emocionais — têm sido bem exploradas pelas equipes nacionais, que agora sonham mais alto.

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