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CBF inicia debate para criar modelo de fair play financeiro no futebol brasileiro

Encontro no Rio reuniu dirigentes de 34 clubes e 10 federações; proposta final será apresentada em novembro no CBF Summit

11 agosto 2025 - 21h00Ricardo Magatti
CBF organizou evento sobre fair play financeiro e ouviu sugestões de clubes
CBF organizou evento sobre fair play financeiro e ouviu sugestões de clubes - (Foto: Thiago Ribeiro/CBF)
Terça da Carne

A CBF iniciou nesta segunda-feira (11) as discussões para criar um modelo de fair play financeiro adaptado ao futebol brasileiro. Dirigentes de 34 clubes das Séries A e B e representantes de 10 federações estaduais participaram de reunião no Rio de Janeiro para apresentar ideias e sugestões.

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O encontro marca a primeira etapa do projeto, que ainda está em fase embrionária. A expectativa é que a proposta final seja apresentada em 26 de novembro, durante o CBF Summit, em São Paulo. Até lá, os clubes enviarão sugestões ao departamento jurídico da CBF, que analisará a viabilidade de cada proposta antes de consolidar um documento.

O presidente do Vitória, Fábio Mota, destacou a preocupação com o uso frequente da recuperação judicial por clubes endividados. "O clube se endivida, depois pede a recuperação judicial e não paga o que deve", afirmou.

O grupo de trabalho é presidido por Ricardo Gluck Paul, vice-presidente da CBF e presidente da Federação Paraense de Futebol. Ele classificou o encontro como histórico. "A CBF se apresenta com um compromisso com o diálogo amplo e inédito no sentido de colocar federações e clubes, e os outros entes da discussão numa mesma mesa de trabalho."

Entre os presentes estavam dirigentes de clubes como Palmeiras, Corinthians, Santos, São Paulo, Flamengo, Fluminense, Atlético-MG, Grêmio, Internacional, Vasco e Bahia. Apenas o Sport não compareceu. Representantes da Uefa também participaram, como Sefton Perry, chefe do Centro de Análise e Inteligência da entidade europeia.

Para a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, a medida é fundamental para o futuro do futebol no país. "Não dá para pensar em uma liga, por exemplo, sem resolver este tema. O fair play financeiro pode tornar nosso futebol mais igualitário", afirmou.

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, esteve no Rio para discussões sobre fair play financeiroLeila Pereira, presidente do Palmeiras, esteve no Rio para discussões sobre fair play financeiro. - (Foto: Pedro Kirilos/CBF)

Segundo o economista César Grafietti, o objetivo do fair play financeiro é garantir a saúde econômica dos clubes e manter o equilíbrio do setor. Entre as boas práticas estão o pagamento em dia de salários, encargos trabalhistas e impostos, além do controle do endividamento.

O modelo europeu foi criado há cerca de 15 anos pela Uefa, como forma de evitar que clubes mais ricos acumulassem dívidas e prejudicassem a competitividade. Para Sefton Perry, o sucesso no Brasil depende de um sistema adequado à realidade nacional. "Se for configurado da maneira certa e bem estruturado, pode realmente ajudar a chegada de investimento e aumentar a confiança no futebol brasileiro", disse.

Sefton Perry, chefe do Centro de Análise e Inteligência da Uefa.Sefton Perry, chefe do Centro de Análise e Inteligência da Uefa.- (Foto: Divulgação/CBF)

O tema foi uma das promessas de campanha de Ednaldo Rodrigues Xaud antes de assumir a presidência da CBF. Ele reafirmou o compromisso e colocou o projeto entre as prioridades de seu mandato, que vai até 2029.

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