
Duas partidas da WNBA, liga de basquete feminino dos Estados Unidos, foram marcadas nesta semana por cenas inusitadas e perigosas: brinquedos sexuais foram arremessados em quadra por torcedores, gerando revolta entre jogadoras, paralisações nos jogos e cobranças por providências à organização da liga.

O episódio mais recente ocorreu na última sexta-feira (1º), durante a vitória do Golden State Valkyries sobre o Chicago Sky por 73 a 66, em Chicago. Um vibrador foi lançado próximo a uma das cestas no terceiro quarto da partida, obrigando o árbitro a chutar o objeto para fora da área de jogo antes que fosse removido por funcionários da arena. Um vídeo da cena circula nas redes sociais, gerando ampla repercussão.
The WNBA has an epidemic on their hands
— Barstool Sports (@barstoolsports) August 2, 2025
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A jogadora Isabelle Harrison, ala do New York Liberty, se manifestou no antigo Twitter (atual X), cobrando a segurança da arena. “Segurança da arena, olá? Não tem graça. Nunca teve. Jogar qualquer coisa na quadra é muito perigoso.”
Sophie Cunningham, jogadora do Indiana Fever, também reagiu com indignação: “Parem de atirar vibradores na quadra. Podem machucar alguém.”
O incidente da sexta-feira não foi isolado. Na terça-feira (30), outro objeto semelhante foi arremessado nos segundos finais da vitória do Golden State Valkyries por 77 a 75 contra o Atlanta Dream, em College Park, na Geórgia. Em ambas as ocasiões, a equipe californiana foi a visitante, e a envolvida.
As jogadoras não pouparam críticas. A pivô Elizabeth Williams, do Chicago Sky, foi enfática: “É muito desrespeitoso. Eu realmente não entendo o objetivo disso. É muito imaturo. Quem está fazendo isso precisa amadurecer.”
A ala Cecilia Zandalasini, do Valkyries, relembrou o constrangimento e o ineditismo da situação: “Quer dizer, em primeiro lugar, foi perigoso. E então, quando descobrimos o que era, acho que começamos a rir. Nunca vi nada parecido. Estou feliz por termos superado aquela situação. Permanecemos focadas e concentradas.”
Apesar do tom descontraído de algumas declarações, a preocupação com a integridade física das atletas foi recorrente. O arremesso de qualquer objeto na quadra, seja durante um jogo ou intervalo, viola as regras de conduta em arenas esportivas e pode causar acidentes graves.
As jogadoras e suas equipes pressionam a WNBA a se posicionar publicamente e a reforçar a segurança nas arenas, especialmente durante jogos com maior público ou rivalidade. Até o momento, a organização da liga não emitiu nota oficial sobre os dois incidentes, nem informou se haverá investigações ou sanções aos responsáveis.
O comportamento do público foi amplamente criticado também por torcedores nas redes sociais. Embora alguns tenham tratado o episódio com sarcasmo, a maioria dos comentários condenou a atitude como desrespeitosa e perigosa, especialmente por se tratar de um ambiente esportivo profissional.
Além das jogadoras diretamente envolvidas, outras atletas da liga também manifestaram solidariedade. A pivô Natasha Howard, do Dallas Wings, escreveu em seu perfil:“Estamos tentando competir, manter o foco, representar nossas equipes, e temos que lidar com isso? Inaceitável. Esperamos medidas urgentes.”
A WNBA vive um momento de maior visibilidade, graças ao desempenho de estrelas como Caitlin Clark, Angel Reese e outras jovens promessas. A presença crescente de público nas arenas e transmissões televisivas mais abrangentes têm colocado o basquete feminino em evidência — o que também aumenta o nível de exigência com o comportamento dos torcedores.
Os incidentes envolvendo objetos sexuais acendem o alerta para os limites entre humor, entretenimento e falta de respeito, especialmente quando se trata de mulheres em espaços profissionais. Embora o uso de acessórios sexuais em ações promocionais seja comum em outros contextos, a sua introdução em quadra durante partidas é vista como tentativa de ridicularizar ou erotizar as atletas, segundo analistas da área.
“Não é uma piada. É um ataque disfarçado de provocação”, opinou a comentarista esportiva Monica McNutt, da ESPN americana. “O que esses torcedores estão dizendo, sem palavras, é que o esporte praticado por mulheres não merece a mesma seriedade.”
Arena por onde passou o Valkyries nesta semana, o Wintrust Arena (Chicago) e a Gateway Center Arena (Geórgia) ainda não se pronunciaram sobre os eventos. A expectativa é que ambas revejam seus protocolos de segurança, especialmente na triagem de objetos proibidos nas entradas e durante o jogo.
A WNBA, por sua vez, será cobrada a tomar uma posição oficial, não apenas como resposta aos incidentes, mas como medida educativa e de proteção às atletas. A expectativa de jogadoras e torcedores é que medidas preventivas sejam implementadas e punições aplicadas aos responsáveis.
Enquanto aguardam respostas oficiais, as jogadoras seguem manifestando suas posições e reforçando a importância da segurança em quadra. Os episódios desta semana lembram que, mesmo em pleno 2025, mulheres no esporte ainda enfrentam tentativas de desvalorização e desrespeito, exigindo vigilância constante e ações firmes por parte das instituições.
O Golden State Valkyries, time fundado recentemente como a mais nova franquia da WNBA, ainda não comentou os episódios, mas deve enfrentar questionamentos nas próximas rodadas.
