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DESRESPEITO NAS QUADRAS

Brinquedos sexuais foram lançados em dois jogos envolvendo o Golden State Valkyries

Brinquedos sexuais foram lançados em dois jogos envolvendo o Golden State Valkyries; atletas cobram segurança e respeito

2 agosto 2025 - 10h20
Partida entre Golden State Valkyries e Chicago Sky
Partida entre Golden State Valkyries e Chicago Sky - (Foto: Patrick Mcdermott/AFP)

Duas partidas da WNBA, liga de basquete feminino dos Estados Unidos, foram marcadas nesta semana por cenas inusitadas e perigosas: brinquedos sexuais foram arremessados em quadra por torcedores, gerando revolta entre jogadoras, paralisações nos jogos e cobranças por providências à organização da liga.

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O episódio mais recente ocorreu na última sexta-feira (1º), durante a vitória do Golden State Valkyries sobre o Chicago Sky por 73 a 66, em Chicago. Um vibrador foi lançado próximo a uma das cestas no terceiro quarto da partida, obrigando o árbitro a chutar o objeto para fora da área de jogo antes que fosse removido por funcionários da arena. Um vídeo da cena circula nas redes sociais, gerando ampla repercussão.

A jogadora Isabelle Harrison, ala do New York Liberty, se manifestou no antigo Twitter (atual X), cobrando a segurança da arena. “Segurança da arena, olá? Não tem graça. Nunca teve. Jogar qualquer coisa na quadra é muito perigoso.”

Sophie Cunningham, jogadora do Indiana Fever, também reagiu com indignação: “Parem de atirar vibradores na quadra. Podem machucar alguém.”

O incidente da sexta-feira não foi isolado. Na terça-feira (30), outro objeto semelhante foi arremessado nos segundos finais da vitória do Golden State Valkyries por 77 a 75 contra o Atlanta Dream, em College Park, na Geórgia. Em ambas as ocasiões, a equipe californiana foi a visitante, e a envolvida.

As jogadoras não pouparam críticas. A pivô Elizabeth Williams, do Chicago Sky, foi enfática: “É muito desrespeitoso. Eu realmente não entendo o objetivo disso. É muito imaturo. Quem está fazendo isso precisa amadurecer.”

A ala Cecilia Zandalasini, do Valkyries, relembrou o constrangimento e o ineditismo da situação: “Quer dizer, em primeiro lugar, foi perigoso. E então, quando descobrimos o que era, acho que começamos a rir. Nunca vi nada parecido. Estou feliz por termos superado aquela situação. Permanecemos focadas e concentradas.”

Apesar do tom descontraído de algumas declarações, a preocupação com a integridade física das atletas foi recorrente. O arremesso de qualquer objeto na quadra, seja durante um jogo ou intervalo, viola as regras de conduta em arenas esportivas e pode causar acidentes graves.

As jogadoras e suas equipes pressionam a WNBA a se posicionar publicamente e a reforçar a segurança nas arenas, especialmente durante jogos com maior público ou rivalidade. Até o momento, a organização da liga não emitiu nota oficial sobre os dois incidentes, nem informou se haverá investigações ou sanções aos responsáveis.

O comportamento do público foi amplamente criticado também por torcedores nas redes sociais. Embora alguns tenham tratado o episódio com sarcasmo, a maioria dos comentários condenou a atitude como desrespeitosa e perigosa, especialmente por se tratar de um ambiente esportivo profissional.

Além das jogadoras diretamente envolvidas, outras atletas da liga também manifestaram solidariedade. A pivô Natasha Howard, do Dallas Wings, escreveu em seu perfil:“Estamos tentando competir, manter o foco, representar nossas equipes, e temos que lidar com isso? Inaceitável. Esperamos medidas urgentes.”

A WNBA vive um momento de maior visibilidade, graças ao desempenho de estrelas como Caitlin Clark, Angel Reese e outras jovens promessas. A presença crescente de público nas arenas e transmissões televisivas mais abrangentes têm colocado o basquete feminino em evidência — o que também aumenta o nível de exigência com o comportamento dos torcedores.

Os incidentes envolvendo objetos sexuais acendem o alerta para os limites entre humor, entretenimento e falta de respeito, especialmente quando se trata de mulheres em espaços profissionais. Embora o uso de acessórios sexuais em ações promocionais seja comum em outros contextos, a sua introdução em quadra durante partidas é vista como tentativa de ridicularizar ou erotizar as atletas, segundo analistas da área.

“Não é uma piada. É um ataque disfarçado de provocação”, opinou a comentarista esportiva Monica McNutt, da ESPN americana. “O que esses torcedores estão dizendo, sem palavras, é que o esporte praticado por mulheres não merece a mesma seriedade.”

Arena por onde passou o Valkyries nesta semana, o Wintrust Arena (Chicago) e a Gateway Center Arena (Geórgia) ainda não se pronunciaram sobre os eventos. A expectativa é que ambas revejam seus protocolos de segurança, especialmente na triagem de objetos proibidos nas entradas e durante o jogo.

A WNBA, por sua vez, será cobrada a tomar uma posição oficial, não apenas como resposta aos incidentes, mas como medida educativa e de proteção às atletas. A expectativa de jogadoras e torcedores é que medidas preventivas sejam implementadas e punições aplicadas aos responsáveis.

Enquanto aguardam respostas oficiais, as jogadoras seguem manifestando suas posições e reforçando a importância da segurança em quadra. Os episódios desta semana lembram que, mesmo em pleno 2025, mulheres no esporte ainda enfrentam tentativas de desvalorização e desrespeito, exigindo vigilância constante e ações firmes por parte das instituições.

O Golden State Valkyries, time fundado recentemente como a mais nova franquia da WNBA, ainda não comentou os episódios, mas deve enfrentar questionamentos nas próximas rodadas.

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