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24 de dezembro de 2025 - 00h00
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CRISE TRICOLOR

Base de Júlio Casares racha e conselheiros aliados aderem a pedido de afastamento no São Paulo

Dissidência amplia pressão interna e já soma cerca de 80 assinaturas contra o presidente do clube

23 dezembro 2025 - 21h45Leonardo Catto
Julio Casares.
Julio Casares. - (Foto: Reprodução)

O presidente do São Paulo, Júlio Casares, enfrenta um agravamento da crise política no clube com a perda de apoio de conselheiros que integravam a coalizão responsável por sua eleição para dois mandatos. Após a oposição protocolar um pedido de afastamento, integrantes da própria base do dirigente passaram a articular uma ação contra ele no Conselho Deliberativo.

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Segundo apuração do Estadão, até o fim da tarde desta terça-feira, conselheiros que antes apoiavam Casares formalizaram adesão ao movimento pelo seu afastamento. Com isso, o número de assinaturas já chega a cerca de 80, somando-se às 58 reunidas anteriormente pela oposição em um primeiro pedido.

Entre os dissidentes estão nomes que tiveram papel relevante na atual gestão. Um deles é Carlos Belmonte, ex-diretor de futebol do clube, que deixou o cargo perto do fim da temporada e integra o grupo Legião, responsável por parte das assinaturas do documento apresentado pela oposição. Belmonte tem manifestado a intenção de disputar a eleição presidencial do São Paulo em 2026.

Outro nome de peso é Vinicius Pinotti, ex-diretor-executivo do clube e que atuava como consultor da presidência. Ele rompeu com a gestão após a divulgação de investigações da Polícia Civil sobre supostos desvios em negociações de atletas. Pinotti também é citado internamente como possível candidato ao comando do clube na próxima eleição.

Para que o impeachment avance, o presidente do Conselho Deliberativo, Olten Ayres, precisa convocar uma reunião extraordinária para discutir o tema. O estatuto prevê prazo de até 30 dias após o recebimento dos pedidos de afastamento para essa convocação.

Antes da reunião do Conselho, a pauta precisa ser validada pelo Conselho Consultivo, formado por ex-presidentes do São Paulo e do próprio Conselho Deliberativo. Entre os integrantes estão Olten Ayres, o próprio Júlio Casares, além de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e Carlos Miguel Aidar.

Caso o impeachment seja levado à votação, será necessário o apoio de dois terços do Conselho Deliberativo, o equivalente a 171 votos entre os 255 possíveis, para determinar o afastamento provisório do presidente. Se aprovado, a decisão ainda precisará ser ratificada em Assembleia Geral de sócios, convocada em até 30 dias, quando basta maioria simples.

Se Júlio Casares for destituído do cargo, a presidência do São Paulo passa a ser ocupada pelo vice-presidente Harry Massis Junior até a eleição marcada para 2026. No clube do Morumbi, a escolha do presidente é feita de forma indireta, por meio do voto dos conselheiros.

A crise política se desenvolve em meio a dificuldades financeiras e a uma sequência de episódios que fragilizaram a gestão. Inicialmente sustentado por uma coalizão ampla, o governo Casares começou a perder força após a saída de Carlos Belmonte, embora o ex-diretor ainda tenha apoiado a aprovação do orçamento para 2026.

O ambiente interno se deteriorou após o vazamento de um áudio que expôs um esquema clandestino de comercialização de um camarote no estádio MorumBis durante shows musicais. Os diretores Mara Casares e Douglas Schawrtzmann, citados na gravação, se afastaram dos cargos. O Ministério Público de São Paulo solicitou a abertura de inquérito policial, enquanto o clube instaurou sindicâncias interna e externa.

Paralelamente, a Polícia Civil passou a investigar dirigentes por supostos desvios de recursos em vendas de atletas. A sucessão de denúncias aumentou a tensão no Morumbi, fortaleceu a oposição e abriu espaço para o avanço do movimento que tenta encerrar antecipadamente o mandato de Júlio Casares, com foco no cenário eleitoral de 2026.

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