
O Barcelona deixará de embolsar ao menos R$ 37,5 milhões após o cancelamento da partida contra o Villarreal que aconteceria em Miami, nos Estados Unidos, pela 17ª rodada de La Liga. A decisão foi tomada após forte pressão de jogadores, clubes e torcedores, levando a La Liga a desistir oficialmente da ideia nesta semana.

O duelo estava programado para dezembro, no Hard Rock Stadium, casa do Miami Dolphins (NFL) e do GP de Miami da Fórmula 1. A expectativa era que o clube catalão arrecadasse até 6 milhões de euros apenas com a realização do jogo, segundo veículos da imprensa espanhola. Mais de 70 mil ingressos já haviam sido reservados para o confronto.
Com o cancelamento, o jogo volta a ser disputado na Espanha, no Estádio de La Cerámica, em Villarreal.
Prejuízo vai além do valor do jogo - Os R$ 37 milhões representam apenas a receita direta da partida. O montante não inclui acordos publicitários, ativações de marca e campanhas que estavam sendo planejadas pela equipe de marketing do Barcelona para o período da viagem aos EUA.
A plataforma de streaming Spotify, patrocinadora máster do clube, também planejava ações integradas com artistas locais e jogadores, como já ocorreu em outras excursões. Durante a pré-temporada na Coreia do Sul, por exemplo, o grupo de k-pop Itzy participou de uma ação com atletas como Robert Lewandowski e Lamine Yamal.
Em nota oficial, o clube lamentou a decisão da liga e a perda de uma oportunidade estratégica para expansão da marca em um mercado promissor. "O Barcelona lamenta a oportunidade perdida de expandir a imagem da competição em um mercado estratégico com grande capacidade de crescimento e geração de recursos para todos", afirmou o clube.
A nota também foi direcionada aos torcedores americanos. “Agradecemos o apoio incondicional de nossos torcedores nos Estados Unidos e lamentamos profundamente que lhes seja negada a oportunidade de assistir a um jogo oficial em seu país.”
Reação negativa dentro da Espanha - Apesar do apoio das diretorias do Barcelona e do Villarreal ao evento, a ideia encontrou forte resistência dentro da Espanha. O meia Frenkie de Jong, do próprio Barcelona, foi um dos jogadores a criticar publicamente a iniciativa. Já o lateral Carvajal, do Real Madrid, chegou a discutir nas redes sociais com o presidente da La Liga, Javier Tebas, sobre a legalidade e a lógica esportiva da medida.
Mesmo com o aval da Federação Espanhola e da Uefa, a liga decidiu recuar diante da repercussão negativa. Segundo comunicado da própria La Liga, o projeto cumpria todas as exigências regulamentares e não comprometia a integridade esportiva da competição.
Não é a primeira vez que La Liga tenta levar uma partida oficial aos Estados Unidos. Em 2019, Barcelona e Girona chegaram a negociar uma partida em Miami pela 21ª rodada daquela temporada. No entanto, a Fifa e a Federação Espanhola (RFEF) se opuseram ao projeto, e o jogo foi mantido na Espanha.
Na época, o Barcelona chegou a apoiar publicamente a proposta, condicionando a participação ao consenso entre todas as entidades envolvidas. Sem esse acordo, a iniciativa foi arquivada — cenário que se repetiu agora.
