
O técnico Carlo Ancelotti, que assumiu recentemente o comando da Seleção Brasileira, foi alvo de críticas durante o 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol (FBTF), realizado nesta terça-feira (4), na sede da CBF. O italiano respondeu às declarações dos ex-treinadores Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira, que manifestaram desconforto com a presença de técnicos estrangeiros no futebol nacional.
Durante o painel, Leão afirmou que mantém sua posição de rejeição à presença de estrangeiros em clubes e seleções do Brasil. “Eu sempre disse que não gosto de técnicos estrangeiros no meu país e não mudo a opinião”, declarou. Já Oswaldo de Oliveira adotou um tom mais conciliador, mas expressou o desejo de ver um brasileiro novamente à frente da Seleção. “Tomara que a seleção volte a ter um treinador brasileiro no comando”, disse, olhando diretamente para Ancelotti.
Com elegância, o técnico italiano rebateu as falas com uma reflexão sobre a atual situação dos treinadores brasileiros no cenário internacional. “A força do treinador brasileiro, tenho que ser honesto, não é tão forte. Uma das primeiras coisas que escutei e não entendo é porque o treinador brasileiro não pode treinar na Europa. Significa que a figura é um pouco fraca. É importante trabalhar juntos para que a geração seja forte”, pontuou Ancelotti.
A declaração foi recebida com atenção pela plateia do evento, que reuniu nomes de várias gerações do futebol, como Abel Braga, Arthur Elias, Hélio dos Anjos, Falcão, Eduardo Barroca, Alex, Fernando Diniz, entre outros.
Apesar do desconforto de parte da classe, Ancelotti reforçou que tem buscado manter um diálogo constante com os profissionais brasileiros e demonstrar respeito pela cultura do futebol local. Ele destacou que sua presença na CBF e em eventos como o FBTF é também uma forma de aproximação e cooperação.
A discussão levantada por Leão e Oswaldo evidencia uma tensão latente no meio esportivo: a valorização do técnico nacional frente à crescente abertura do mercado para estrangeiros. A nomeação de Ancelotti — primeiro técnico europeu em mais de um século de Seleção Brasileira — acirra esse debate.
Mais do que uma troca de farpas, o episódio revela um ponto crítico da formação esportiva no Brasil: a escassez de técnicos brasileiros em clubes de ponta fora do país. A crítica de Ancelotti, feita com diplomacia, é um chamado para reestruturação e valorização técnica da classe, não apenas com base em nacionalidade, mas em competência e preparo global.


