
Em meio à pressão após a eliminação do Palmeiras na Copa do Brasil diante do Corinthians, o técnico Abel Ferreira se defendeu das críticas que recebeu da torcida organizada e negou que tenha sido irônico ao aplaudi-los durante os protestos no Allianz Parque. O treinador português afirmou que seu gesto foi, na verdade, um apelo por apoio em um momento difícil para o time.

Durante os minutos finais da partida, torcedores da Mancha Alviverde entoaram xingamentos direcionados ao treinador. “Ei, Abel, vai tomar no c*”, gritaram, em coro, das arquibancadas. A resposta de Abel veio com palmas direcionadas à torcida — interpretadas por muitos como ironia diante do mau resultado.
Na curta entrevista que concedeu após a partida, Abel buscou esclarecer o episódio. “Registrei, ouvi e em momento algum, porque já disse aqui muitas vezes, ironizei”, afirmou. “Pedi simplesmente apoio. Já disse várias vezes: o que peço aos nossos torcedores é que nos apoiem mesmo em momentos difíceis.”
O treinador reconheceu o direito da torcida de cobrar, mas reforçou que a intenção foi demonstrar respeito e não desprezo. “Como homem que sou, tenho sentimentos e emoções e realmente pedi apoio. Mas entendo perfeitamente a cobrança. Ficamos todos desiludidos.”
A derrota para o rival alvinegro deixou o ambiente pesado no clube, mas Abel procurou minimizar o clima de crise. Repetiu diversas vezes que não pretende alimentar polêmicas e adotou discurso conciliador, citando a necessidade de unidade entre todos os setores do clube neste momento.
“Agora cabe a nós, torcedores, direção, jogadores, comissão técnica, decidir se vamos olhar para aquilo que se passa nos nossos vizinhos ao lado e querer colocar lenha na fogueira num clube que, há 10, 15 anos, estava completamente desorganizado, sem rumo, com dívidas”, afirmou.
O discurso segue a linha adotada pela presidente Leila Pereira, que costuma lembrar do histórico de instabilidade do Palmeiras antes do ciclo de títulos recentes como argumento para conter críticas mais duras nas fases ruins. “Como sempre fizemos aqui, é continuarmos a estar juntos”, completou Abel.
Renovação em segundo plano
A possível renovação de contrato com o técnico, tema frequente nas últimas semanas, foi descartada como prioridade neste momento. Abel deixou claro que, diante do momento delicado, não há clima para tratar de futuro.
“Sinceramente, não é a altura certa para pensar nisso. Não é este o momento certo”, resumiu.
O atual vínculo do português com o Palmeiras vai até o fim de 2025, mas a diretoria demonstrou interesse em estendê-lo até 2027. Apesar da eliminação, o técnico ainda mantém prestígio com a cúpula alviverde, embora o desgaste com parte da torcida organizada tenha aumentado.
Com a queda na Copa do Brasil, o Palmeiras agora volta sua atenção total para o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores da América. A equipe tem dois compromissos importantes nos próximos dias.
No domingo, o time enfrenta o Ceará, no Allianz Parque, em jogo válido pelo Brasileirão. Já na quinta-feira seguinte, o elenco viaja a Lima, no Peru, para enfrentar o Universitário, pelas oitavas de final da Libertadores.
O confronto continental é visto como prioridade dentro do clube, principalmente diante da eliminação precoce no torneio nacional de mata-mata.
Apoio da diretoria e confiança no elenco
Apesar do revés, a diretoria do Palmeiras mantém apoio ao técnico. O histórico de conquistas sob o comando de Abel Ferreira, que incluem duas Libertadores, uma Copa do Brasil e um Campeonato Brasileiro, ainda pesa a favor do treinador, mesmo com a recente queda de rendimento do time em campo.
Internamente, há a leitura de que a estabilidade do projeto deve ser mantida, e que o momento ruim pode ser superado com ajustes pontuais. A avaliação é de que o elenco tem qualidade e estrutura para reagir nos próximos desafios da temporada.
A relação de Abel com o elenco segue firme, e não há indícios de desgaste interno. O treinador, por sua vez, mostrou disposição para seguir no cargo e lutar por novos títulos, apesar das cobranças externas.
