
A volta de Abel Braga ao comando técnico do Internacional foi marcada por uma polêmica que extrapolou o campo esportivo. Após declaração considerada homofóbica durante sua apresentação oficial, o treinador de 73 anos teve sua inscrição publicada no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF, com um detalhe que chamou atenção: Abel aparece vestindo uma camisa rosa, justamente a cor que foi alvo de sua crítica.
O registro oficial coloca o técnico em condições de comandar o time gaúcho contra o São Paulo nesta quarta-feira (4), na Vila Belmiro, em jogo crucial pela 38ª rodada do Brasileirão. Mas a imagem com a camisa rosa acabou se tornando símbolo de um contraste embaraçoso.
Durante a coletiva de apresentação, Abel fez uma “brincadeira” envolvendo o diretor de futebol Andrés D’Alessandro, com teor preconceituoso. “Eu falei: ‘Não quero a porra do meu time treinando de camisa rosa, parece time de viado’”, afirmou o técnico. A fala repercutiu negativamente nas redes sociais e na imprensa, gerando forte indignação de torcedores e movimentos ligados à diversidade.
Diante da repercussão, Abel Braga publicou um pedido de desculpas em suas redes sociais. “Coloradas e colorados, em primeiro lugar, reconheço que não fiz uma colocação boa sobre a cor rosa durante a minha coletiva. Antes que isso se prolifere, peço desculpas. Cores não definem gêneros. O que define é caráter. O Internacional precisa de paz e muito trabalho”, declarou.
O episódio provocou críticas internas e externas ao clube, em um momento delicado da temporada. Abel foi contratado para tentar salvar o time do rebaixamento. Com 41 pontos, o Inter ocupa a 17ª colocação, atrás do Santos apenas pelo saldo de gols.
Jogo decisivo fora de casa - O Internacional encara o São Paulo fora de casa às 20h desta quarta-feira, na Vila Belmiro. A equipe precisa vencer e torcer por um tropeço do Santos para escapar da queda. O rival paulista enfrenta o Juventude, às 19h30, no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul.
Abel terá pouco tempo de preparação com o elenco e estreia sob pressão dentro e fora de campo. A camisa rosa no BID pode ser vista por muitos como ironia do destino – ou uma resposta silenciosa ao preconceito.


