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18 de novembro de 2025 - 14h25
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ESTREIA NOS CINEMAS

Diretor de Wicked: Parte II fala sobre legado, escolhas e o poder de contar histórias

Jon M. Chu revela bastidores emocionais da sequência do musical e como a paternidade influenciou sua visão sobre o futuro e a arte

18 novembro 2025 - 12h55Laysa Zanetti
Cynthia Erivo e Ariana Grande vivem Elphaba e Glinda em 'Wicked: Parte II', que estreia nesta quinta nos cinemas.
Cynthia Erivo e Ariana Grande vivem Elphaba e Glinda em 'Wicked: Parte II', que estreia nesta quinta nos cinemas. - Foto: Divulgação
Terça da Carne

Pai de cinco filhos e atualmente com 46 anos, o diretor Jon M. Chu não hesita em dizer que viveu transformações profundas enquanto filmava “Wicked”. Ele chegou a perder a estreia da primeira parte, em 2024, porque no mesmo dia nasceu seu filho mais novo, Stevie. Um ano depois, o cineasta viaja o mundo para apresentar “Wicked: Parte II”, que estreia nesta quinta-feira, 20, nos cinemas.

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A segunda parte do épico musical é mais densa e emocional, centrada na amizade entre Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana Grande), e aborda temas como empatia, verdade, poder e identidade. Segundo Chu, o novo longa não pretende apenas encantar, mas provocar reflexões profundas. “O primeiro filme é uma resposta. O segundo é uma pergunta”, resume o diretor.

Escolhas que moldam narrativas - Jon M. Chu afirma que a decisão de dividir o espetáculo em dois filmes sempre esteve clara desde o início. As filmagens ocorreram simultaneamente, mas os lançamentos foram planejados com um ano de diferença. “No primeiro filme, tínhamos a versão de conto de fadas. No segundo é onde tudo se quebra”, explica.

Sem flashbacks ou recapitulações, “Wicked: Parte II” mergulha direto no conflito, ganhando densidade dramática e maior conexão com os eventos de “O Mágico de Oz”. No centro da trama, Elphaba é retratada como uma fugitiva injustiçada, enquanto Glinda assume de vez o papel da “Bruxa Boa”, mesmo que isso signifique enfrentar dilemas pessoais.

Chu revelou que a experiência de ser pai influenciou diretamente sua abordagem no filme. Durante a pandemia, enquanto refletia sobre o mundo que deseja deixar para os filhos, decidiu embarcar na produção. “Eu cresci acreditando em sonhos, sou um produto dessa ideia de esperança. Mas como eu reorganizo isso para uma nova geração?”, questiona.

Essa sensibilidade aparece de forma poética nas novas músicas do filme. Elphaba ganha “No Place Like Home”, que expressa sua busca por pertencimento após sofrer traições. Glinda canta “The Girl in the Bubble”, em um momento decisivo que marca sua saída simbólica do mundo confortável e superficial.

As duas canções foram compostas com Stephen Schwartz e Winnie Holzman, criadores da peça original. O trio analisou minuciosamente o roteiro para identificar lacunas emocionais que poderiam ser preenchidas musicalmente.

Entre as mudanças mais significativas do musical para o filme está a cena do reencontro entre Elphaba e o Mágico de Oz, interpretado por Jeff Goldblum. Na peça, a personagem cede com facilidade às propostas do vilão. No longa, Chu sentiu a necessidade de aprofundar esse conflito para torná-lo mais crível.

A solução foi colocar Glinda na cena como figura decisiva para influenciar Elphaba. “Tivemos muitas semanas de discussão. Como ela acreditaria novamente no Mágico depois de tudo? Glinda foi a chave para isso”, explica. A música “Wonderful”, cantada pelo Mágico, também ganhou nova carga simbólica: agora ela questiona a eficácia da verdade e mostra como o sistema prefere ilusões.

Um filme para questionar o presente - Embora evite discussões políticas diretas, Chu reconhece que “Wicked” pode ser lido como uma metáfora sobre o funcionamento de regimes autoritários e o impacto das escolhas individuais. “O filme fala sobre a natureza humana, não sobre política. É sobre o que acontece quando damos poder às pessoas”, diz.

O diretor reforça que o filme não entrega respostas prontas. Ao final, o espectador é convidado a refletir sobre qual caminho deseja seguir. “Elphaba entrega o livro e parte. A decisão é sua. Quem você quer ser agora?”, provoca.

Jon M. Chu ganhou notoriedade com a comédia “Podres de Ricos” e o musical “Em um Bairro de Nova York”. Também dirigiu sequências de “Se Ela Dança, Eu Danço” e um documentário de Justin Bieber. Ele reconhece que trabalhar com grandes produções é uma oportunidade para comunicar ideias a públicos maiores, sem abrir mão de temas autorais.

Mesmo com futuros projetos como o filme da “Hot Wheels” e uma cinebiografia de Britney Spears no horizonte, Chu afirma que não quer ser rotulado. “Espero que as pessoas fiquem confusas sobre os filmes que farei a seguir. É assim que quero crescer como contador de histórias”, afirma.

Para ele, “Wicked” é mais que uma adaptação. É um convite à reflexão sobre empatia, escolhas e identidade em um mundo polarizado. “Esses são os filmes que nossos tataranetos vão ver. São maiores do que nós”, conclui.

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