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CULTURA E TV

Netflix é criticada por filmar série sobre Césio-137 em São Paulo, e não em Goiânia

Conselho de Cultura de Goiânia afirma que cidade tem estrutura, profissionais e vínculo histórico para receber as gravações da minissérie Emergência Radioativa.

15 setembro 2025 - 13h31Maria Edite Vendas
Johnny Massaro vive um físico em 'Emergência Radioativa', minissérie que está sendo gravada pela Netflix
Johnny Massaro vive um físico em 'Emergência Radioativa', minissérie que está sendo gravada pela Netflix - (Foto: Helena Yoshioka/Divulgação)
ENERGISA

A Netflix enfrenta críticas em Goiânia por ter rodado a minissérie Emergência Radioativa em São Paulo, mesmo sendo a produção inspirada no acidente radiológico com césio-137, ocorrido em 1987 na capital goiana.

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Na semana em que o desastre completou 38 anos, o Conselho Municipal de Cultura divulgou carta aberta pedindo mais respeito à memória da cidade. O documento destaca que Goiânia tem profissionais qualificados, infraestrutura adequada e vínculo histórico com o episódio.

“Trazer a filmagem para cá não seria apenas fazer justiça à nossa história, mas também gerar empregos, movimentar a economia local e fortalecer a cultura brasileira com mais verdade e representatividade”, defendeu o Conselho.

A carta reforça que, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, o caso foi o maior acidente radiológico do mundo fora de usinas nucleares, marcando para sempre a população goiana: “Ele não pertence a um cenário montado em estúdio: ele pertence a Goiânia, ao seu povo, às suas cicatrizes”.

Criada por Gustavo Lipsztein, dirigida por Fernando Coimbra e produzida pela Gullane, Emergência Radioativa acompanha o trabalho de físicos e médicos que lutaram para salvar milhares de vidas em meio à contaminação. O elenco reúne Johnny Massaro, Paulo Gorgulho, Bukassa Kabengele, Alan Rocha, Antonio Saboia, Luiz Bertazzo e Tuca Andrada.

A Netflix ainda não se pronunciou sobre as críticas.

Em setembro de 1987, catadores encontraram em uma clínica abandonada um aparelho de radioterapia com cápsula de césio-137. O material foi levado a um ferro-velho, onde a cápsula se rompeu. O pó branco e luminescente foi manipulado e distribuído sem que se soubesse do risco.

110 mil pessoas foram monitoradas por equipes de vários órgãos. 249 pessoas foram oficialmente contaminadas e quatro morreram, entre elas a menina Leide das Neves Ferreira, de seis anos.

Os locais da contaminação foram escavados a oito metros de profundidade e concretados. Os rejeitos — roupas, utensílios, árvores, restos de demolição — foram levados para Abadiânia de Goiás, em containers de concreto.

O acidente, que atingiu nível 5 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares, deixou marcas permanentes em Goiânia, onde o episódio é lembrado como um dos momentos mais trágicos da história do Brasil.

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