
O jornalista Marcão do Povo apresentou uma notícia-crime na Polícia Civil em Barueri, na Grande São Paulo, pedindo a abertura de investigação contra a cantora Ludmilla. O apresentador do programa Primeiro Impacto, do SBT, solicita que um vídeo publicado pela artista no último dia 19 seja retirado das redes sociais, alegando que o conteúdo seria mentiroso e ofensivo.
Na publicação, Ludmilla afirma que Marcão não teria sido inocentado da acusação de racismo relacionada a um episódio ocorrido em 2017. Segundo o jornalista, a fala ultrapassa os limites da liberdade de expressão e questiona uma decisão definitiva do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A Polícia Civil já instaurou inquérito para apurar os pedidos feitos por Marcão do Povo.
A controvérsia remonta a janeiro de 2017, quando Marcão do Povo, então apresentador do Balanço Geral DF, da Record, utilizou a expressão “pobre macaca” ao se referir a Ludmilla durante um quadro de comentários sobre celebridades. A fala teve ampla repercussão, foi considerada racista e levou à demissão do apresentador pela emissora.
Ludmilla acionou a Justiça, e o caso seguiu tramitando por anos. Em dezembro de 2024, o STJ decidiu a favor de Marcão do Povo, entendimento que foi mantido após recurso apresentado neste ano. O jornalista afirma que a decisão o inocentou das acusações.
Após declarações públicas de Marcão dizendo que havia sido absolvido, Ludmilla publicou um vídeo nas redes sociais contestando essa versão.
“Ele não foi inocentado, gente. Na verdade, ele usou uma manobra para se livrar das consequências. A Justiça reconhece o racismo que ele cometeu contra mim. Mas ele não vai pagar nada por isso. É uma manobra processual absurda, que eu estou indignada”, disse a cantora no vídeo.
Na notícia-crime, Marcão do Povo sustenta que o conteúdo divulgado por Ludmilla é falso e atinge sua honra ao questionar uma decisão judicial definitiva. No documento encaminhado à polícia, o apresentador afirma que as declarações da cantora configuram imputação direta de conduta criminosa.
“Tais expressões não admitem ambiguidade semântica e afastam qualquer tentativa de enquadramento como crítica genérica, configurando imputação objetiva de conduta criminosa”, diz um trecho da representação.
Ainda segundo o jornalista, Ludmilla, mesmo ciente do histórico do processo, teria optado por desqualificar a decisão do STJ. “A representada opta por desqualificar a decisão judicial absolutória, imputando ao Judiciário uma suposta fraude e, ao ofendido, a prática de crime”, afirma o texto.
Até o momento, os advogados de Marcão do Povo e de Ludmilla não se manifestaram publicamente sobre o inquérito. A investigação deve apurar se há indícios de crime nas declarações feitas pela cantora e se o pedido de retirada do vídeo será acatado.
Após a demissão da Record, em 2017, Marcão do Povo foi contratado pelo SBT, onde segue à frente do Primeiro Impacto. Ludmilla, por sua vez, manteve a carreira artística em ascensão e frequentemente se posiciona publicamente sobre temas ligados ao racismo e à liberdade de expressão.

