
A nova série sul-africana da Netflix, Má Influencer, vem chamando atenção dos assinantes ao explorar de forma ácida e provocativa os bastidores do mundo dos influenciadores digitais. Em apenas sete episódios, a trama mistura drama, comédia e crime para mostrar como a obsessão pela imagem e a busca por status nas redes sociais podem se tornar uma armadilha.
A história gira em torno de BK (Jo-Anne Reyneke), uma mãe solo que, em busca de estabilidade financeira, se junta à influenciadora Pinky (Cindy Mahlangu) para vender bolsas de luxo falsificadas online. O que começa como um esquema aparentemente inofensivo logo atrai a atenção de uma perigosa rede de falsificadores e da polícia. Entre golpes, ameaças e dilemas morais, as duas mulheres precisam ser mais espertas do que todos à sua volta para sobreviver — e, se possível, lucrar.
Criada e escrita por Kudi Maradzika, com direção de Ari Kruger e Keitumetse Qhali, a série vai além do entretenimento. Segundo a criadora, Má Influencer é uma reflexão direta sobre como as mídias sociais moldam ambições, identidades e até a bússola moral de quem vive numa sociedade obcecada por status digital.
"Exploramos como a internet afeta quem somos e como as pessoas constroem suas narrativas para se encaixar em padrões de sucesso que nem sempre são reais", afirmou Maradzika em entrevista à revista Glamour da África do Sul.
Ela sabe do que está falando. Jornalista de formação, Kudi já tentou seguir carreira como influenciadora digital antes de mergulhar no roteiro. "Cheguei a ser convidada para eventos de marcas, mas percebi que o universo da influência é mais complexo do que aparenta", contou.
A série surgiu a partir de um laboratório do Instituto Realness, uma incubadora de projetos audiovisuais africanos. A Netflix selecionou a proposta de Kudi e trabalhou com ela por um ano e meio até desenvolver o roteiro final. A iniciativa integra o esforço da plataforma de investir em narrativas originais de países como África do Sul, Quênia e Nigéria.
Atualmente entre as mais assistidas da Netflix, Má Influencer também é um marco para o audiovisual africano. Segundo a revista Glamour, Kudi representa uma nova geração de talentos que está “redefinindo a forma de contar as histórias do continente e quem pode contá-las”.
Com ritmo ágil e humor ácido, a produção expõe os perigos das aparências digitais: como influenciadores podem manipular seguidores, promover produtos de origem duvidosa e, ao mesmo tempo, se tornarem presas do próprio jogo que ajudaram a construir.
A série também coloca em pauta as contradições de uma sociedade onde status pode valer mais do que ética, e onde o acesso à tecnologia encurta caminhos — inclusive para o crime. “Má Influencer aborda como consumidores podem ser enganados por pessoas em quem confiam, e questiona onde termina o marketing e começa o golpe”, explica Kudi.
Ambientada em um universo reconhecidamente local, a série se destaca por não tentar “internacionalizar” seus elementos culturais. “Os ritmos culturais, o humor e as contradições sul-africanas conduzem a história. A equipe fez questão de manter a autenticidade do nosso jeito de viver”, disse a criadora ao Nollywood Reporter, um dos principais portais de cinema da África.
Essa abordagem confere originalidade à produção, que trata temas universais a partir de uma ótica própria. O resultado é uma obra com identidade, densidade e, ao mesmo tempo, acessível para um público global.
Má Influencer já está disponível na Netflix com todos os episódios da temporada.

