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James Cameron vê chance de apocalipse como de 'Exterminador do Futuro' se juntarmos IA às armas

Diretor de 'O Exterminador do Futuro' volta a criticar a combinação entre tecnologia e armamento

7 agosto 2025 - 12h03Redação E+
James Cameron fala sobre Inteligência Artificial durante entrevista
James Cameron fala sobre Inteligência Artificial durante entrevista - (Foto: @jamescameronofficial via Instagram)

Em entrevista à revista Rolling Stone, o cineasta James Cameron, conhecido por dirigir clássicos como O Exterminador do Futuro, voltou a demonstrar preocupação com os rumos da inteligência artificial (IA), especialmente quando combinada com armamentos. O diretor afirmou, na última terça-feira (5), que vê risco real de a humanidade viver um cenário apocalíptico semelhante ao da franquia de ficção científica que consagrou seu nome.

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“Há um perigo de ocorrer um apocalipse como o de Exterminador do Futuro se juntarmos IA às armas, até no nível de armas nucleares”, declarou Cameron, num tom que ecoa os alertas que ele já vem fazendo há décadas por meio de suas obras cinematográficas.

Durante a entrevista, o cineasta não poupou críticas ao cenário atual da civilização, apontando o que ele considera ser os três maiores perigos enfrentados pela humanidade no século XXI. “Sinto que estamos nesse ponto crucial no desenvolvimento humano onde você tem as três ameaças existenciais: clima e nossa degradação geral do mundo natural, armas nucleares e superinteligência”, afirmou.

Para Cameron, essas ameaças não apenas coexistem, mas estão se agravando de forma simultânea. “Elas estão todas de certa forma se manifestando e atingindo o ápice ao mesmo tempo. Talvez a superinteligência seja a resposta. Eu não sei. Não estou prevendo isso, mas pode ser.”

Apesar de reconhecer o poder transformador da inteligência artificial, James Cameron mantém uma postura cética quanto à sua aplicação em áreas criativas, como o roteiro cinematográfico. Em 2023, ele já havia expressado desconfiança sobre a capacidade da IA de substituir os roteiristas humanos.

“Eu não acredito, pessoalmente, que uma mente 'sem alma' que só regurgita o que mentes 'conscientes' disseram, sobre sua vida, seus medos, amor, mentiras, morte, e junta tudo em uma salada de palavras... Eu não acredito que conseguirá fazer algo que emocione a audiência”, disse à época ao CTV News.

A crítica é especialmente relevante em um momento em que grandes estúdios de Hollywood experimentam ferramentas de IA para agilizar processos criativos, o que gerou resistência e greve entre profissionais do setor.

Enquanto reflete sobre o futuro da humanidade, Cameron também volta seu olhar para o passado. O cineasta prepara uma adaptação para o cinema do livro Ghosts of Hiroshima, de Charles Pellegrino. A obra retrata os horrores das bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, a partir da perspectiva dos sobreviventes.

O projeto representa mais uma incursão de Cameron em temas de grande carga histórica e política, e deve provocar discussões sobre as consequências do uso de armamentos em escala global, tema que, ao lado da IA, está no centro das preocupações do diretor.

A combinação entre os temas de seu novo filme e suas declarações recentes reforça a linha crítica que acompanha a carreira de Cameron, que sempre buscou, através da ficção, provocar reflexões sobre dilemas éticos, avanços tecnológicos e os rumos da humanidade.

Lançado em 1984, O Exterminador do Futuro ganhou status de clássico não apenas pelo impacto visual e narrativo, mas também por sua visão profética: a rebelião de uma inteligência artificial, a Skynet, que se volta contra a humanidade e desencadeia uma guerra nuclear global.

Quatro décadas depois, o cenário especulativo ganha ecos no mundo real, com líderes mundiais, cientistas e empresários do setor de tecnologia discutindo medidas de segurança para conter os riscos associados à IA. Cameron, nesse sentido, pode ser visto não apenas como cineasta, mas como um dos primeiros a popularizar esse debate na cultura de massa.

O diretor de Titanic e Avatar segue combinando ciência, ficção e política em seus projetos. Ao comentar o novo filme baseado em Ghosts of Hiroshima, Cameron sugeriu que o trabalho será um tributo às vítimas e também uma advertência sobre o que pode acontecer quando a tecnologia ultrapassa a ética.

“O cinema tem o poder de nos confrontar com verdades difíceis. É isso que eu pretendo continuar fazendo”, afirmou.

Com mais de 40 anos de carreira, James Cameron permanece como uma das vozes mais ativas no debate sobre o futuro da civilização. E, como ele próprio costuma lembrar, O Exterminador do Futuro pode não ter sido apenas um filme, pode ter sido um aviso.

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