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19 de novembro de 2025 - 21h32
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MUNDO

Escola cristã no Reino Unido bane músicas de 'Guerreiras do K-Pop' por conflito com fé

Direção de colégio infantil diz que letras incomodaram comunidade cristã; pais reagem e apontam exagero

19 novembro 2025 - 19h00Nico Garófalo
'Ethos cristão' fez trilha sonora de 'Guerreiras do K-Pop' ser proibida em escola britânica.
'Ethos cristão' fez trilha sonora de 'Guerreiras do K-Pop' ser proibida em escola britânica. - (Foto: Netflix/Divulgação)

Um dos maiores fenômenos culturais recentes, o filme Guerreiras do K-Pop, sucesso global da Netflix, teve suas músicas banidas por uma escola cristã no Reino Unido. Localizada no condado de Dorset, no sudoeste da Inglaterra, a Lilliput Church of England Infant School pediu oficialmente aos pais de seus alunos que orientem as crianças a não cantarem as músicas do longa-metragem dentro da escola. A justificativa: algumas letras não estariam alinhadas com o “ethos cristão” da instituição.

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O comunicado foi enviado às famílias na sexta-feira (14) e gerou polêmica. A escola alegou que composições da trilha sonora — assinadas por Marcelo Zarvos, Ian Eisendrath, EJae e outros artistas — causaram desconforto entre membros da comunidade religiosa, que associaram os temas das canções a “forças espirituais opostas a Deus e à bondade”.

Embora o enredo do filme mostre personagens que combatem demônios e forças do mal, a simples menção a esses elementos nas músicas foi o suficiente para gerar a censura. Segundo a direção, o conteúdo das letras não se alinha à doutrina cristã da escola. Em novo comunicado divulgado na segunda-feira (17), a instituição reafirmou o banimento, dizendo que está apoiando as famílias que consideram os temas “desafiadores”.

“Para alguns cristãos, referências a demônios podem ser extremamente desconfortáveis”, afirmou Lloyd Allington, diretor da escola. “Nosso papel é ajudar as crianças a entender que alguns colegas podem ter visões diferentes e explorar formas de respeitá-las.”

Apesar da justificativa, a decisão dividiu opiniões entre os pais. Muitos argumentam que o filme e suas canções, como Golden e What It Sounds Like, têm mensagens positivas de união, confiança e empoderamento — justamente os valores que a escola afirma querer cultivar. “Minha filha é fã de K-pop e ela e as amiguinhas amam Guerreiras do K-Pop. Isso fortalece a autoconfiança delas”, declarou um pai à emissora britânica BBC. Ateu, ele classificou a decisão da escola como “ridícula” e fruto de pressão de grupos conservadores.

Desde sua estreia em junho de 2025, Guerreiras do K-Pop já acumulou mais de 325 milhões de visualizações na Netflix e foi exibido em sessões especiais nos cinemas, onde o público cantava junto com as personagens. A trilha sonora conquistou disco de platina nos Estados Unidos, e a faixa Golden ultrapassou a marca de 1 bilhão de reproduções apenas no Spotify.

A produção animada acompanha um trio feminino de jovens artistas que, por meio da música, enfrenta ameaças sobrenaturais. A trama não exalta demônios — ao contrário, as protagonistas os combatem em nome da amizade e da esperança. Apesar disso, a simples presença de elementos místicos na narrativa foi considerada inadequada por alguns pais da comunidade escolar.

A postura da Lilliput Church of England Infant School reacende o debate sobre liberdade cultural, diversidade religiosa e os limites da expressão artística no ambiente escolar. A própria escola reconheceu o desconforto gerado entre pais que não concordam com a proibição, mas manteve a decisão em nome do “respeito à diversidade de crenças”.

“Não estamos dizendo que há algo errado em gostar do filme. Estamos apenas pedindo respeito àqueles que pensam diferente”, justificou Allington.

A medida, no entanto, levanta questões sobre como a educação deve lidar com produções culturais populares que fazem parte da rotina das crianças — especialmente quando essas obras carregam mensagens construtivas, mesmo que envolvam elementos simbólicos de fantasia.

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