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'Alice no país das maravilhas' completa 151 anos e permanece atual nos imaginários adulto e infantil

Repleto de jogos de palavras, o livro foi lido sob diferentes pontos de vista, das teses psicanalíticas às viagens psicodélicas

4 julho 2016 - 16h27Helton Davis
É considerada uma obra de difícil interpretação pois contém dois livros num só texto: um para crianças e outro para adultos
É considerada uma obra de difícil interpretação pois contém dois livros num só texto: um para crianças e outro para adultos - Divulgação
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Uma das obras infantis mais conhecidas no mundo, 'As Aventuras de Alice no País das Maravilhas', abreviado para Alice in Wonderland ('Alice no País das Maravilhas'), de Charles Lutwidge Dodgson, completa hoje 151 anos de lançamento. Publicada em 4 de julho de 1865 sob o pseudônimo de Lewis Carroll, é uma das obras mais célebres do gênero literário nonsense.

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O livro conta a história de uma menina chamada Alice que cai numa toca de coelho que a transporta para um lugar fantástico povoado por criaturas peculiares e antropomórficas, revelando uma lógica absurda característica desses sonhos. O conto está repleto de alusões satíricas dirigidas tanto aos amigos como aos inimigos de Carroll, de paródias a poemas populares infantis ingleses ensinados no século XIX e também de referências linguísticas e matemáticas utilizadas através de enigmas que contribuíram para a sua popularidade. É considerada uma obra de difícil interpretação pois contém dois livros num só texto: um para crianças e outro para adultos.

O livro pode ser interpretado de várias maneiras. Uma das interpretações diz que a história representa a adolescência, com uma entrada súbita e inesperada (a queda na toca do coelho, iniciando a aventura), além das diversas mudanças de tamanho e a confusão que isso causa em Alice, ao ponto de ela dizer que não sabe mais quem é após tantas transformações (o que se identifica com a psicologia adolescente).

Alice foi lido e relido sob muitos prismas diferentes. Na década de 1930, entrou em ação a psicanálise freudiana para interpretá-lo e tentar descobrir tudo o que podia estar por trás do texto. Na de 1960, o mundo das maravilhas foi encarado como uma grande viagem psicodélica observada num momento em que a sociedade se via diante do avanço do LSD.

Em 1990, foi a vez de especialistas cogitarem a possibilidade da pedofilia, de as fantasias de Carroll estarem ligadas a uma perigosa e excessiva proximidade com as crianças. O escritor, poeta e matemático também foi um exímio fotógrafo, e seus trabalhos mais conhecidos são as imagens de meninas, normalmente filhas de casais amigos (como as três Liddell), registradas em poses quase sensuais e com pouca ou às vezes nenhuma roupa. Nenhum estudo, porém, provou que Carroll, profundamente religioso, tenha avançado qualquer sinal, embora seu amor especial por Alice tenha ficado registrado em muitas cartas.

Este livro possui uma continuação Alice do Outro Lado do Espelho, e ambos influenciam ainda diversas obras como A Liga Extraordinária, de Alan Moore e Sandman, de Neil Gaiman.

A origem do conto

Durante um passeio de barco pelo rio Tâmisa em 4 de julho de 1862, Charles Lutwidge Dodgson, na companhia do seu amigo Robinson Duckworth, contava uma história de improviso para entreter as três irmãs Liddell: Loriny Charlotte, Edith Mary e Alice Pleasance Liddell. Eram filhas de Henry George Liddell, o vice-chanceler da Universidade de Oxford e decano da Christ Church, bem como diretor da escola de Westminster. A maior parte das aventuras foram baseadas e influenciadas em pessoas, situações e edifícios de Oxford e da Christ Church, um exemplo, o Buraco do Coelho (Rabbit Hole) simbolizava as escadas na parte de trás do salão principal na Christ Church. Acredita-se que uma escultura de um grifo e de um coelho presente na Catedral de Ripon, onde o pai de Carroll foi um membro, forneceu também inspiração para o conto.

Essa história contada de improviso por Charles Lutwidge Dodgson, deu origem ao manuscrito de 'Alice Debaixo da Terra' com a finalidade de oferecer a Alice Liddell a história transcrita para o papel?

Essa história contada de improviso deu origem ao manuscrito de 'Alice Debaixo da Terra' (título original Alice's Adventures Under Ground), de 26 novembro de 1864, com a finalidade de oferecer a Alice Pleasance Liddell a história transcrita para o papel.

Mais tarde, influenciado tanto pelos seus amigos como pelo seu mentor George MacDonald (também escritor de literatura infantil), decidiu publicar o livro e mudou a versão original, aumentando de 18 mil palavras para 35 mil, acrescentando notavelmente as cenas do Gato de Cheshire e do Chapeleiro Louco (ou Chapeleiro Maluco).

Em 4 de julho de 1865 (precisamente três anos após a viagem) a história de Dodgson foi publicada na forma como é conhecida hoje, com ilustrações de John Tenniel, porém a tiragem inicial de dois mil exemplares foi removida das prateleiras devido a reclamações do ilustrador sobre a qualidade da impressão. A segunda tiragem, ostentando a data de 1866, ainda que tenha sido impressa em dezembro de 1865, esgotou-se nas vendas rapidamente, tornando-se um grande sucesso, tendo sido lida por Oscar Wilde e pela rainha Vitória. Na vida do autor, o livro rendeu cerca de 180 mil cópias e foi traduzido para mais de 125 línguas e só na língua inglesa, teve mais de 100 edições.

Em 1998, a primeira impressão do livro (que fora rejeitada) foi leiloada por 1,5 milhão de dólares americanos. Algumas impressões desta obra contêm tanto As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, como também a sua sequência Alice no Outro Lado do Espelho.

Adptações

O livro inspirou várias adaptações cinematográficas e televisivas. Porém os filmes originais e mais conhecidos mundialmente são Alice in Wonderland de 1951, feito em animação tradicional, e o de 2010 dirigido por Tim Burton com a participação de Johnny Depp como o Chapeleiro Maluco, ambos da Walt Disney Animation Studios.?

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