Grupo Feitosa de Comunicação
(67) 99974-5440
(67) 3317-7890
25 de setembro de 2025 - 16h26
tjms
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Cantora digital criada por inteligência artificial assina contrato milionário com produtora nos EUA

Xania Monet, criação da compositora Telisha Jones, fecha acordo de US$ 3 milhões com a Hallwood Media e levanta debate sobre direitos autorais na música

25 setembro 2025 - 12h30Redação O Estado de S. Paulo
Xania Monet, artista criada por inteligência artificial, ultrapassou 5 milhões de reproduções no Spotify e no YouTube
Xania Monet, artista criada por inteligência artificial, ultrapassou 5 milhões de reproduções no Spotify e no YouTube - (Foto: @xania_monet via Instagram)

A música gerada por inteligência artificial acaba de dar um passo histórico. A compositora norte-americana Telisha Jones, do Mississippi, e sua criação digital Xania Monet, firmaram um contrato avaliado em US$ 3 milhões (cerca de R$ 16 milhões) com a Hallwood Media, empresa fundada por Neil Jacobson, ex-executivo da Interscope e conhecida por representar produtores renomados como Murda Beatz e Sounwave.

Canal WhatsApp

Criada por meio de IA, Xania já reúne 115 mil seguidores no Instagram. Enquanto isso, Jones permanece nos bastidores, responsável pela composição das letras. Para transformar suas criações em músicas completas, com arranjos e vocais, ela utiliza a plataforma Suno, especializada em geração musical.

O projeto ganhou projeção em 8 de agosto, quando foi lançado o álbum Unfolded sob o nome artístico de Xania Monet. A faixa How Was I Supposed to Know? ultrapassou a marca de 5 milhões de reproduções somando Spotify e YouTube, segundo informações do portal Consequence.

A recepção também chamou atenção da crítica. A voz da artista digital foi descrita como uma fusão entre Beyoncé e Alicia Keys, com um timbre poderoso e pronúncia marcada pelo sotaque sulista dos Estados Unidos.

Apesar do entusiasmo do mercado, o contrato também expõe a Hallwood Media a riscos. Como destacou o site The Verge, gravadoras já processaram a plataforma Suno, acusando-a de ter sido treinada com músicas retiradas do YouTube sem autorização.

Além disso, há um obstáculo legal importante: o Escritório de Direitos Autorais dos Estados Unidos só concede proteção a obras criadas por humanos. A norma prevê que a IA pode ser usada como ferramenta auxiliar, mas o registro não é concedido quando os elementos expressivos da obra forem determinados por uma máquina.

No caso de Xania Monet, a situação é híbrida: Telisha Jones cria as letras, mas a IA gera a composição musical e a performance vocal. O arranjo levanta questionamentos sobre até que ponto a obra pode ser reconhecida legalmente como produto de autoria humana.

Mesmo diante das incertezas jurídicas, o contrato é visto como um marco na monetização da música criada com apoio de IA. Para especialistas, o movimento da Hallwood Media pode abrir espaço para novas formas de produção e negócios no setor, mas também deve intensificar os debates sobre propriedade intelectual e direitos autorais.

“Estamos diante de um momento em que a indústria precisa decidir como lidar com a fronteira entre a criatividade humana e a capacidade da máquina”, avaliou um analista ouvido pelo The Verge.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop