
As lembranças do velório de Ayrton Senna, em 1994, voltaram à tona na nova série documental Meu Ayrton por Adriane Galisteu, lançada na quinta-feira (6) pela HBO Max. No segundo episódio, a apresentadora aborda as diferenças de tratamento que recebeu em relação a Xuxa, ex-namorada do piloto, durante a cerimônia que reuniu milhares de fãs e autoridades na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
“Eu não troquei de roupa. Passei a noite com a mesma roupa”, narra Galisteu ao relembrar a ocasião. “Eu lembro de achar todo mundo muito elegante. Eu estava muito mal vestida, com roupa de quem ficou em um velório a noite inteira.”
Adriane também contou que, naquele momento, sentiu falta de acolhimento. “Faltaram abraços, faltou chorar no ombro de alguém. Era tudo muito contido, distante, silencioso.”
Na época, o acesso aos diferentes espaços do velório era controlado por adesivos de identificação, e Adriane não recebeu o que dava acesso à área reservada à família e próxima ao caixão. Segundo ela, só conseguiu se aproximar do corpo do piloto após a mãe de Senna, Neyde, permitir. Ainda assim, não ficou ao lado da família, posição que foi ocupada por Xuxa.
“Estava todo mundo sofrendo muito, e eu não queria competir a minha dor com ninguém”, afirmou. “Mas uma dor genuína e profunda era da mãe que perdeu um filho. Mãe não se pode julgar.”
A apresentadora também relembra o reencontro com Neyde após o velório, quando foi buscar seus pertences no apartamento em que vivia com o piloto. “Na saída do prédio, a gente se abraçou e chorou”, contou.
A produção da HBO Max convidou a família Senna e Xuxa para participarem da série, mas os convites foram recusados por motivos contratuais. O documentário revisita episódios do relacionamento de Galisteu e Senna e surge após o lançamento da série Senna, da Netflix, que — segundo a apresentadora — dedicou pouco espaço à sua presença na vida do piloto.
“Comecei a perceber uma força das pessoas nas ruas, de uma geração mais jovem que não acompanhou a nossa história e quer saber mais sobre a vida dele”, disse Adriane, em entrevista ao Estadão.

