
O Brasil atingiu em outubro de 2025 o maior patamar de inadimplência corporativa desde o início da série histórica, em 2016. Segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, 8,7 milhões de companhias estão no vermelho, acumulando um montante de R$ 204,8 bilhões em compromissos vencidos e não pagos.
O diferencial: Asfixia financeira no setor de Serviços - O cenário é particularmente crítico para o setor de Serviços, que concentra 54,9% do total de empresas inadimplentes e lidera o volume de negativações (32,2%). O Comércio aparece em segundo lugar, com 33% das empresas em atraso.
Especialistas apontam que a combinação de juros altos e a desaceleração na concessão de crédito criou uma "tempestade perfeita" para o caixa das empresas. Sem capacidade de renegociar dívidas e com a receita em queda devido ao esfriamento da atividade econômica, muitos negócios perderam a liquidez necessária para manter as operações.
Micro e pequenos negócios são os mais afetados - O perfil da inadimplência revela a vulnerabilidade dos pequenos empreendedores. Das 8,7 milhões de empresas inadimplentes, a vasta maioria (8,2 milhões) é composta por micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). Juntas, elas respondem por R$ 184,6 bilhões das dívidas totais.
Enquanto grandes corporações possuem estrutura para absorver flutuações e desafios do cenário internacional, as MPMEs sentem de forma imediata o impacto do custo do dinheiro. A média de dívida por companhia é de R$ 23.658,74, sendo que cada CNPJ acumula, em média, sete contas em atraso.
Panorama Regional - Geograficamente, a inadimplência segue a concentração econômica do país:
- Sudeste: Lidera com mais de 4,6 milhões de CNPJs negativados.
- Sul e Nordeste: Registram 1,4 milhão e 1,3 milhão de empresas no vermelho, respectivamente.
- Centro-Oeste e Norte: Apresentam os menores volumes, com 755 mil e 516 mil empresas inadimplentes.
Para o mercado, o ticket médio por compromisso vencido, hoje em R$ 3.329,50, reflete a dificuldade de quitação de despesas correntes e faturas de bancos e cartões, que representam quase 20% das causas de negativação.


