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ECONOMIA

Vitória de Trump nos EUA faz dólar subir e preocupa mercado brasileiro

Dólar e juros em alta pressionam economia brasileira, enquanto o mercado aguarda decisão do Banco Central

6 novembro 2024 - 17h33
Com alta do dólar e incertezas econômicas, investidores esperam corte de gastos e ajuste na taxa de juros
Com alta do dólar e incertezas econômicas, investidores esperam corte de gastos e ajuste na taxa de juros - (Foto: Arquivo)

A vitória de Donald Trump nas eleições nos Estados Unidos, garantindo ao Partido Republicano o controle do Congresso, causou impactos no mercado financeiro brasileiro nesta quarta-feira, 6 de novembro. A notícia fez o dólar subir, chegando a R$ 5,86 pela manhã, embora tenha fechado o dia em leve baixa, a R$ 5,67. O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, também oscilou e terminou o dia com uma pequena queda de 0,24%.

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A valorização do dólar aconteceu em um dia de forte alta para a moeda americana no exterior, enquanto o bitcoin chegou ao recorde de US$ 75 mil. Com isso, o preço de commodities como petróleo e minério de ferro caiu, afetando as ações de empresas brasileiras, como a Petrobras e a Vale. As ações da Petrobras encerraram o dia praticamente estáveis, enquanto a Vale registrou queda de 1,13%.

A vitória de Trump trouxe uma expectativa de políticas mais fechadas nos EUA, o que pode aumentar a tensão no comércio global e deixar mercados emergentes, como o Brasil, menos atraentes para investidores estrangeiros. Para o economista Roberto Padovani, do banco BV, isso representa um desafio para economias como a brasileira, que dependem de investimentos de fora. “Um cenário de incertezas no exterior, com juros altos nos Estados Unidos, pode reduzir o interesse no Brasil para o investidor de fora”, afirmou.

Para o Brasil, o dólar mais alto significa mais pressão sobre a inflação, que já está acima da meta. Com isso, o Banco Central pode manter a taxa de juros Selic elevada por mais tempo. Alguns analistas acreditam que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve aumentar a Selic em 0,5 ponto percentual ainda nesta semana, como forma de conter a inflação.

Segundo Felipe Uchida, da Equus Capital, “a vitória republicana nos EUA fortalece o dólar, o que aumenta a pressão sobre os preços no Brasil. O Copom pode precisar subir a Selic para segurar esse impacto”. Para Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research, o Banco Central vai precisar ser mais firme no controle da inflação, que segue acima do esperado.

No cenário global, há também dúvidas sobre a economia dos EUA e da China, que pode perder força. Christopher Garman, da consultoria Eurasia, prevê que um ambiente de dólar forte e juros altos nos EUA deve dificultar cortes nos juros no Brasil no próximo ano. Segundo ele, “o cenário global torna complicado para o Banco Central brasileiro reduzir a Selic em 2025”.

Com a vitória de Trump e o Congresso americano nas mãos dos republicanos, economistas acompanham de perto os próximos passos e suas possíveis consequências para o mercado brasileiro.

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