
Durante uma reunião com seu gabinete nesta terça-feira (26), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou estar preparado para enfrentar uma batalha judicial contra Lisa Cook, diretora do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, demitida por ele na noite da segunda-feira (25). A declaração marca mais um capítulo na crescente tensão entre o governo Trump e a atual liderança do Fed.

"Precisamos de pessoas que sejam 100% honestas no Fed", afirmou o presidente. Ele não detalhou as razões específicas para a demissão, mas destacou que já tem "ótimas pessoas" para assumir o lugar de Cook e que, em breve, contará com maioria entre os dirigentes da instituição. A fala reforça a intenção do governo de alinhar o comando do banco central à sua política econômica.
Mudanças no comando do Fed
Atualmente, Trump conta com dois nomes de sua indicação no alto escalão do Fed: Michelle Bowman, vice-presidente de Supervisão, e Christopher Waller, diretor. O presidente também indicou Stephen Miran, atual chefe do Conselho de Assessores Econômicos, para a vaga de Adriana Kugler no conselho de diretores da instituição. No entanto, Miran ainda precisa passar por sabatina e aprovação no Senado.
"Podemos transferir Miran para outro cargo de longo prazo no Fed", sugeriu Trump, demonstrando flexibilidade na estratégia para consolidar sua influência na política monetária do país.
Caso aprovado, Miran ocupará o cargo em um mandato-tampão até 31 de janeiro de 2026.
Críticas a Jerome Powell
Além da saída de Lisa Cook, Trump voltou a direcionar duras críticas ao atual presidente do Fed, Jerome Powell. Segundo ele, Powell tem custado "muito dinheiro" ao país, em uma referência à condução da política de juros e à autonomia da autoridade monetária.
"Felizmente, Powell sairá da presidência do Fed em pouco tempo", declarou, sugerindo que mudanças mais profundas estão por vir na liderança do banco central.
As críticas de Trump ao Fed não são novas. Em seu mandato anterior, ele já havia tensionado a relação com Powell em diversas ocasiões, cobrando cortes mais agressivos na taxa básica de juros para estimular o crescimento econômico.
Relações com a China voltam à pauta
Durante a mesma reunião, Trump também abordou a relação dos Estados Unidos com a China. Segundo ele, o país está "lidando muito bem" com a potência asiática e voltou a elogiar seu relacionamento com o presidente chinês.
"Estou me dando muito bem com Xi Jinping. A China nos respeita novamente", afirmou o presidente norte-americano, numa tentativa de reforçar seu discurso de força e liderança no cenário internacional.
A declaração ocorre em um contexto em que as tensões comerciais e diplomáticas entre as duas maiores economias do mundo seguem em pauta. O governo Trump tem adotado uma postura de contenção e pressão, especialmente em temas como comércio, tecnologia e segurança.
Controle do Fed pode impactar política econômica
As ações recentes de Trump sugerem uma tentativa de aumentar o controle sobre a política monetária do país, algo que tradicionalmente é mantido com alto grau de independência. A demissão de Lisa Cook e os planos para novas nomeações mostram que o presidente busca alinhar o banco central às diretrizes de seu governo.
Caso consiga maioria entre os diretores do Fed, Trump poderá influenciar decisões-chave sobre juros, estímulos econômicos e regulação bancária. Especialistas alertam, no entanto, que essa interferência pode gerar instabilidade e comprometer a credibilidade da política monetária dos Estados Unidos no médio prazo.
