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Trump volta a atacar presidente do Fed após decisão de manter juros

Republicano critica duramente Jerome Powell por não cortar taxas de juros e afirma que o país está "pagando o preço" por sua permanência no cargo

31 julho 2025 - 08h01Isabella Pugliese Vellani
Donald Trump e Jerome Powell conversam durante encontro na sede do Fed; BC dos EUA decidiu manter juros entre 4,25% e 4,5%
Donald Trump e Jerome Powell conversam durante encontro na sede do Fed; BC dos EUA decidiu manter juros entre 4,25% e 4,5% - ( Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a atacar publicamente o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, nesta quinta-feira (31), após a decisão do banco central americano de manter a taxa básica de juros entre 4,25% e 4,50%. Em postagem feita na plataforma Truth Social, Trump chamou Powell de “muito irritado, muito estúpido e muito político” para ocupar a liderança do Fed.

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Jerome 'Muito Atrasado' Powell fez de novo!!! Ele está MUITO ATRASADO”, escreveu o republicano. “Ele está custando ao nosso país TRILHÕES DE DÓLARES, além de uma das reformas mais incompetentes, ou corruptas, de um prédio(s) na história da construção!”, acrescentou, em tom sarcástico, sem dar detalhes sobre a suposta reforma mencionada.

As críticas ocorreram poucas horas após o comitê de política monetária do Federal Reserve divulgar a decisão de manter as taxas estáveis, contrariando a pressão crescente por cortes de juros. Trump defende que reduções nos juros são essenciais para impulsionar a economia americana em meio à desaceleração do crescimento e ao aumento do endividamento das famílias.

Em sua publicação, Trump foi ainda mais longe ao dizer que Powell é um "perdedor total" e que os Estados Unidos estão "pagando o preço" por tê-lo à frente do Fed. As declarações acentuam a tensão entre o presidente americano e a autoridade monetária independente, às vésperas de um novo ciclo eleitoral.

A hostilidade entre Trump e Powell não é recente. O presidente do Fed foi originalmente indicado por Trump em 2017, mas o relacionamento entre ambos deteriorou-se rapidamente durante o mandato anterior, principalmente após a elevação dos juros em meio à política de combate à inflação e à tentativa do Fed de conter os riscos de superaquecimento da economia.

Na reunião desta quinta-feira, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) optou pela manutenção da taxa básica de juros, uma decisão que foi endossada pela maioria dos membros. No entanto, dois votos dissidentes chamaram a atenção: Christopher Waller e Michelle Bowman, ambos indicados por Trump, votaram a favor de um corte de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).

A dissidência reforça a tese defendida por Trump de que o nível atual dos juros é excessivo e pode comprometer o crescimento da economia americana. Segundo o presidente, a insistência do Fed em manter os juros elevados está prejudicando famílias, empresas e o setor imobiliário.

Trump, que já se lançou como pré-candidato à reeleição em 2026, tem utilizado a política monetária como um dos alvos prioritários em sua retórica eleitoral. Ao acusar Powell de “muito político”, o republicano inverte o argumento usual de independência técnica do Fed, sugerindo que a atuação do banco central estaria atrelada a interesses contrários ao seu governo.

Analistas econômicos ouvidos pela imprensa americana consideram que a pressão de Trump sobre o Fed coloca em risco a autonomia da autoridade monetária, o que poderia comprometer a credibilidade das decisões futuras e gerar instabilidade nos mercados financeiros.

“Interferências políticas excessivas na atuação do Fed são vistas com preocupação. A independência do banco central é um dos pilares da estabilidade monetária nos EUA”, comentou uma fonte ligada ao mercado financeiro internacional.

Durante seu primeiro mandato, Trump frequentemente atacou o Fed por aumentar os juros, chegando a dizer, em 2018, que a autoridade monetária havia "enlouquecido". Em 2019, ameaçou demitir Powell, o que não chegou a se concretizar devido à resistência de assessores e ao risco institucional que a ação representaria.

Mesmo assim, o ex-presidente não poupou críticas públicas e passou a tratar Powell como alvo pessoal de frustração sempre que os dados econômicos não correspondiam às expectativas da Casa Branca.

Apesar disso, Trump não reverteu a nomeação, e Powell permaneceu no cargo, sendo posteriormente reconduzido pelo presidente Joe Biden para um novo mandato em 2022, justamente por sua postura técnica e equilíbrio nas decisões durante períodos de alta volatilidade.

Apesar do tom agressivo das declarações de Trump, o mercado financeiro americano reagiu com relativa estabilidade após o anúncio da manutenção dos juros. A expectativa dos analistas já apontava para uma decisão cautelosa do Fed, que ainda monitora indicadores de inflação e emprego antes de iniciar um ciclo de cortes.

No entanto, a instabilidade política gerada pelos ataques do presidente pode ter impactos secundários nos próximos dias, principalmente no comportamento dos juros futuros e na confiança de investidores internacionais.

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