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ECONOMIA

Setor cafeeiro pode ser forçado a redirecionar produção, diz Cepea/USP

Decisão do governo norte-americano gera incertezas no setor cafeeiro; exportadores buscam alternativas para mitigar prejuízos

31 julho 2025 - 16h10
Produtores devem mandar parte de sua produção para outros países
Produtores devem mandar parte de sua produção para outros países - Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

A partir de 6 de agosto, o café brasileiro enfrentará uma nova realidade nas exportações para os Estados Unidos, que passarão a ser taxadas em 50%. A decisão foi anunciada pelo governo norte-americano e já causa preocupações no setor cafeeiro brasileiro, que é o maior exportador mundial de café. O setor ainda tenta reverter a inclusão do produto na lista de itens que sofrerão taxação, conforme informou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).

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De acordo com os pesquisadores do Cepea, essa alta taxa de taxação pode forçar os produtores brasileiros a redirecionar parte de sua produção para outros mercados. No entanto, esse movimento exigirá agilidade logística e estratégias comerciais para evitar prejuízos à cadeia produtiva nacional, que envolve desde produtores até torrefadoras e redes de varejo.

Os Estados Unidos são, de longe, o principal destino do café brasileiro. Em 2024, o país importou aproximadamente 23% do café brasileiro, sendo a variedade arábica a mais consumida por sua indústria de torrefação. A Colômbia, segunda maior fornecedora de café para os EUA, representou cerca de 17% das importações, enquanto o Vietnã contribuiu com cerca de 4%.

Para o Cepea, a nova taxação afetará não só a competitividade do café nacional, mas também terá um impacto no preço final ao consumidor norte-americano. "A eventual entrada em vigor da tarifa tende a impactar não apenas a competitividade do café nacional, mas também os preços ao consumidor norte-americano e a formulação dos blends tradicionais, que utilizam os grãos brasileiros como base sensorial e de equilíbrio", afirmou o comunicado do Cepea.

Tratativas para reverter a decisão

Após o anúncio da medida, o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) se manifestou e iniciou tratativas para tentar incluir o café na lista de produtos brasileiros isentos da taxação. Em 30 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou a proposta de taxação de diversos produtos importados do Brasil. A Ordem Executiva mencionou cerca de 700 exceções, como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, mas o café não foi incluído nessas exceções.

O setor cafeeiro brasileiro continua batalhando para que o café seja retirado da lista de produtos afetados pela taxação, considerando a importância estratégica do grão nas exportações do país e na indústria de torrefação norte-americana.

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