3287.59_BANNER TALK AGOSTO [1260x300]
ECONOMIA E TRABALHO

Marinho minimiza tarifaço de Trump e diz que Brasil está menos dependente dos EUA

Ministro do Trabalho defende fortalecimento do mercado interno e diz que sanções podem acelerar consolidação dos Brics

13 agosto 2025 - 16h55
Ministro Luiz Marinho participou de live com centrais sindicais e comentou os impactos do tarifaço imposto pelos EUA às exportações brasileiras.
Ministro Luiz Marinho participou de live com centrais sindicais e comentou os impactos do tarifaço imposto pelos EUA às exportações brasileiras. - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Durante uma live com representantes das sete principais centrais sindicais brasileiras nesta quarta-feira (13), o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, minimizou o impacto do tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos, determinado pelo presidente norte-americano Donald Trump. Segundo ele, apesar da medida atingir setores estratégicos, o Brasil está em um momento de fortalecimento da própria economia e de redução da dependência do mercado americano.

Canal WhatsApp

“Em 2023 eram 25%, e não é que diminuíram as exportações para os EUA. Nós é que aumentamos a balança comercial, inclusive. Mas nesses dois anos e meio de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nós abrimos 387 novos mercados para os produtos brasileiros”, destacou Marinho.

Medidas internas para proteger o emprego

O ministro afirmou que o governo já está trabalhando em medidas para preservar empregos, estimulando o consumo interno por meio de compras governamentais para escolas, hospitais e o sistema carcerário.

“Outra medida é a melhor estruturação de ferramentas de crédito, do financiamento, do fundo garantidor para dar suporte às empresas para que sobrevivam e encontrem gradativamente substitutos para seus produtos”, detalhou.

Marinho disse que a CLT já possui instrumentos para negociação e manutenção de empregos em períodos de instabilidade, desde que respeitadas as garantias legais. Ele também garantiu que os financiamentos do BNDES e Banco do Brasil serão mantidos para apoio à produção.

“Trump pode estar mirando em uma coisa e acertando em outra”

Além da análise econômica, Marinho afirmou que o movimento de Trump pode ter efeitos colaterais indesejados para os próprios Estados Unidos, como o aceleramento da consolidação dos Brics e o fortalecimento de uma economia menos dependente do dólar.

O ministro citou ainda o lançamento do Pix parcelado como exemplo de inovação brasileira em meios de pagamento, o que poderia afetar diretamente empresas de cartões de crédito ligadas ao sistema financeiro dos EUA.

“Pode ser que Trump esteja mirando em uma coisa e acertando em outra”, comentou.

Centrais sindicais reagem com firmeza

A live contou com a participação de dirigentes da CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB e Intersindical. O presidente da CUT, Sérgio Nobre, afirmou que o tarifaço representa um ataque à soberania nacional.

“O presidente Lula vem reagindo de maneira muito correta, com serenidade e também com muita firmeza. Não somos um país qualquer. Somos uma nação grande e temos que tratar isso de cabeça erguida e não ser subserviente aos EUA”, disse Nobre.

O presidente da UGT, Ricardo Patah, também chamou atenção para os efeitos políticos da medida. Segundo ele, os impactos devem ser sentidos em todos os setores, inclusive no comércio, onde a redução da massa salarial pode ser significativa, mesmo sem demissões em larga escala.

“Nós conseguimos recuperar nossa imagem durante a pandemia com acordos extraordinários. O papel das centrais continua sendo fundamental para equilibrar os interesses econômicos e sociais”, afirmou Patah.

Sindicatos devem se preparar para as negociações

Marinho alertou as centrais para que estejam atentas durante as próximas rodadas de negociação coletiva, previstas para o mês de setembro. Segundo ele, é fundamental conhecer a realidade de cada empresa e setor para evitar manobras oportunistas.

“Pode haver empresas que busquem aproveitar de forma oportunista para evitar dar o reajuste real de salário ou oferecer aumentos rebaixados. O sindicato deve ter o domínio do mercado externo, de cada empresa e do empregador”, advertiu.

Outros dirigentes sindicais que participaram da live foram Ronaldo Leite (CTB), Moacyr Tesch (NCST), Álvaro Egea (CSB) e Nilza Almeida (Intersindical).

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop