Tarifa dos EUA atinge carne de MS e força governo a buscar novos mercados na Ásia

Exportação de Carne - (Foto: Agencia Brasil)

A nova tarifa imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros começou a valer nesta quarta-feira (6) e já pressiona setores estratégicos da economia de Mato Grosso do Sul. Entre os itens mais afetados está a carne bovina in natura, responsável por quase metade das exportações do estado ao mercado norte-americano.

Com alíquota de 50% e sem direito à isenção, a carne bovina - que responde por 45,2% das vendas sul-mato-grossenses aos EUA - sofre forte impacto da medida. Outros produtos também afetados incluem sebo bovino (9,4% das exportações), carnes salgadas (2,5%), carnes desossadas, filés de tilápia e óleos de origem animal.

Apesar da pressão sobre o setor de proteínas, alguns itens importantes conseguiram escapar da taxação. A celulose e o ferrogusa, juntos responsáveis por mais de 36% das exportações de MS para os Estados Unidos neste ano, seguem isentos da tarifa.

Segundo dados da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), de janeiro a junho de 2025 o estado exportou US$ 315 milhões para os EUA. Desse total, US$ 74,8 milhões correspondem às pastas químicas de madeira utilizadas na produção de papel - matéria-prima fornecida pelas gigantes Suzano, Eldorado e Arauco, que operam ou estão em processo de instalação no estado. Já o ferrogusa, ou ferro fundido bruto, gerou US$ 40,5 milhões em vendas no período.

Missão internacional busca compensar perdas - Diante dos prejuízos esperados com o tarifaço, o governador Eduardo Riedel (PSDB) anunciou uma missão internacional voltada à abertura de novos mercados para produtos sul-mato-grossenses. A estratégia inclui visitas à Índia, Japão e Singapura, em busca de parcerias comerciais que possam compensar a queda nas exportações para os EUA.

A primeira parada será Mumbai, onde a comitiva de Mato Grosso do Sul pretende dialogar com grandes conglomerados, como o Tata Group, Mahindra, Aditya Birla, além das empresas ACG (farmacêutica) e UPL Fertilizantes. Riedel também terá agenda com o governador do Estado de Maharashtra.

No Japão, o grupo participará da programação da Expo Osaka 2025 e de reuniões com lideranças empresariais, incluindo a Keidanren (Confederação Nacional da Indústria Japonesa) e os grupos Sumitomo e Mitsui — investidores tradicionais do agronegócio brasileiro.

Singapura será o último destino da missão. No país, o governador terá encontros com o ministro do Comércio, Alvin Tan, e com entidades estratégicas como a Enterprise Singapore, agência de promoção de exportações. A agenda inclui ainda visitas à RGE (holding da Bracell, com operação em MS), à MTAS (associação de importadores de proteína animal), e aos fundos soberanos Temasek e GIC.

Comitiva reúne lideranças de três estados - A missão não é exclusiva de Mato Grosso do Sul. Riedel integra uma comitiva nacional que inclui representantes dos governos do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Entre os nomes estão Fernanda Curdi, secretária de Desenvolvimento Econômico fluminense, e membros da Codemge (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais).

Além das autoridades, cerca de 80 empresários brasileiros participam da delegação, interessados em fortalecer laços com o setor produtivo asiático. Estão na lista executivos como Márcio Monteiro (vice-presidente da Embraer Defesa), Mário Raulino (diretor da Vale na Ásia), Rafael Tello (VP de Sustentabilidade da Ambipar), César Chicayban (CEO da XP Private Banking) e Roberto Rodrigues (embaixador da FAO para o Cooperativismo).

A meta da missão é ampliar a presença do Brasil no mercado asiático e minimizar os efeitos do protecionismo norte-americano sobre setores cruciais para a economia, como o agronegócio e a indústria de transformação.

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