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ECONOMIA

Setor produtivo pede mais prazo e cautela para rever tarifa dos EUA

Governo reúne empresários para negociar adiamento da tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros, buscando evitar prejuízos.

16 julho 2025 - 06h17
Reunião no Ministério da Indústria, Comércio e Serviços com participação do vice-presidente Geraldo Alckmin e representantes de diversos setores da economia para discutir a tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
Reunião no Ministério da Indústria, Comércio e Serviços com participação do vice-presidente Geraldo Alckmin e representantes de diversos setores da economia para discutir a tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

Na última terça-feira (15), o governo federal promoveu duas reuniões com quase 40 representantes de setores da indústria e agronegócio para discutir a ameaça do presidente americano Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Entre os participantes estavam o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, o presidente da Fiesp, Josué Gomes, e o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, além de líderes dos setores de café, laranja e carne.

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O consenso dos empresários é que o Brasil não tem alternativa senão negociar, buscando flexibilizar o prazo de 1º de agosto imposto pelos EUA para começar a taxação. Alckmin afirmou que o governo tentará, junto com o empresariado, estender esse prazo por pelo menos 90 dias, mas espera uma solução até 31 de julho. “O prazo é curto, mas vamos trabalhar para avançar”, declarou.

Porém, convencer Trump a recuar não será fácil, já que os Estados Unidos são superavitários no comércio com o Brasil e a taxação tem clara motivação política. Trump relaciona a medida ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, chamando-o de vítima de “caça às bruxas”, e defende o ex-presidente publicamente. Sobre o motivo da alta tarifa, afirmou apenas: “Porque eu posso fazer isso”.

Trump usa as tarifas como forma de pressão para que o julgamento contra Bolsonaro seja encerrado sem punição, o que o governo brasileiro rejeita, respeitando a separação dos poderes.

Nas reuniões, prevaleceu a cautela. O presidente da Abimaq, José Velloso, ressaltou que a indústria brasileira não consegue substituir facilmente o mercado americano por outros destinos para seus produtos, tornando a negociação essencial. Francisco Gomes Neto, da Embraer, alertou que a tarifa de 50% pode causar um impacto de cerca de R$ 50 milhões por avião, com prejuízos estimados de R$ 2 bilhões em 2025 e R$ 20 bilhões até 2030, praticamente um embargo.

Roberto Perosa, da Abiec, também reforçou que a tarifa inviabiliza as vendas de carne aos EUA, e citou frigoríficos já paralisando a produção destinada ao mercado americano. Ele pediu a prorrogação da data para início da taxação para que contratos existentes possam ser ajustados.

Enquanto isso, em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas reuniu empresários em encontro paralelo, com a participação do encarregado de negócios da embaixada dos EUA, Gabriel Escobar. O evento foi interpretado como um movimento político para ganhar protagonismo, já que Tarcísio é visto como possível candidato à Presidência em 2026.

O governo paulista reafirmou o compromisso com os produtores e empresários locais, em nota divulgada após a reunião.

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