
De cada dez pessoas que recebiam o Bolsa Família em 2014, seis conseguiram deixar o programa nos dez anos seguintes. É o que revela o estudo Filhos do Bolsa Família, divulgado nesta sexta-feira (5) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), realizado em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).
O levantamento mostra que a maior taxa de saída ocorre entre adolescentes de 15 a 17 anos, com 71,25% deixando de precisar da transferência de renda. Entre jovens de 11 a 14 anos, a taxa é de 68,8%, enquanto crianças de até 4 anos apresentam a menor saída, de 41,26%. O público analisado é classificado como a "segunda geração" do programa, criado em 2003.
O professor de economia da FGV, Valdemar Pinho Neto, autor do estudo, classifica o Bolsa Família não apenas como um alívio à pobreza imediata, mas também como mecanismo de mobilidade social. Ele destaca a importância das condicionalidades de saúde e educação, como frequência escolar, cobertura vacinal e exames pré-natais, que contribuem para o desenvolvimento de capital humano.
Segundo o estudo, entre os adolescentes que saíram do programa, 28,4% tinham vínculo formal de trabalho dez anos depois, e 52,67% haviam deixado o Cadastro Único, porta de entrada para programas sociais voltados à população mais vulnerável.
O levantamento também aponta que fatores socioeconômicos influenciam a saída do programa:
-
Regiões urbanas registram taxa de saída de 67% entre jovens de 6 a 17 anos, contra 55% em áreas rurais;
-
Jovens em famílias com pessoa de referência empregada com carteira têm taxa de saída de 79,4%, superior a trabalhadores sem carteira (57,51%) ou por conta própria (65,54%);
-
Escolaridade do responsável impacta na saída: 70% para famílias com ensino médio completo, ante 65,31% com apenas fundamental completo.
O ministro Wellington Dias afirmou que o Bolsa Família é um ponto de partida para combater a fome e possibilitar que crianças estudem e adultos trabalhem.
A pesquisa também traz dados do Novo Bolsa Família, iniciado em 2023, mostrando que em três anos cerca de 31,25% dos beneficiários observados deixaram o programa. Entre jovens de 15 a 17 anos, a saída foi de 42,59%. O estudo destaca a importância de mecanismos de transição suave, como a regra de proteção — que garante retorno ao programa caso o beneficiário perca o emprego — e o Programa Acredita, que oferece microcrédito a empreendedores de baixa renda.
Atualmente, o Bolsa Família atende 18,65 milhões de famílias, com benefício médio de R$ 683,28, custando R$ 12,69 bilhões em novembro de 2025.

