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20 de dezembro de 2025 - 11h31
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ECONOMIA

Saúde mental no trabalho ganha destaque com NR1 e deve ser prioridade nas empresas em 2026

Norma do Ministério do Trabalho exige mapeamento de riscos psicossociais e expõe lacunas nas políticas corporativas de bemestare

20 dezembro 2025 - 09h00Eliane Sobral
Os números no Brasil: só em 2024, o INSS concedeu cerca de 470.000 licenças médicas por transtornos mentais, o maior índice em dez anos
Os números no Brasil: só em 2024, o INSS concedeu cerca de 470.000 licenças médicas por transtornos mentais, o maior índice em dez anos - (Foto: INSS/Divulgação)

O tema saúde mental no ambiente de trabalho tornouse um dos principais focos na agenda de benefícios empresariais para 2026, impulsionado pela Norma Regulamentadora nº 1 (NR1). Instituída em maio deste ano pelo Ministério do Trabalho, a norma obriga todas as empresas a incluírem fatores de risco psicossociais — como estresse, ansiedade, depressão, sobrecarga de trabalho e burnout — no mapa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. A partir de maio de 2026, a falta de adequação pode resultar em multas.

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Apesar da exigência legal, um dado preocupante surgiu na 3ª edição do Panorama da Saúde Emocional do RH 2025, realizado pela empresa de benefícios Flash: apenas 5% dos 889 profissionais entrevistados afirmaram que suas empresas estão totalmente preparadas para atender à determinação do Ministério do Trabalho.

Mesmo com o cenário geral de baixa preparação, grandes empresas já priorizam a saúde mental há anos. É o caso de Claro, Bauducco e Accenture, onde o tema integra a pauta dos RHs há tempo e deve ganhar ainda mais espaço.

Na Accenture Brasil, onde trabalham cerca de 18 mil pessoas, a discussão sobre saúde mental antecede a pandemia de Covid19, segundo a diretora de RH Rachel Soares. Ela destaca que fatores como o impacto das redes sociais — que podem intensificar questões como ansiedade e autoestima — colaboraram para a emergência de movimentos como o “Quit my job”, em 2021, quando muitas pessoas deixaram seus empregos impulsivamente.

Além disso, sobrecarga de trabalho, ambientes tóxicos, assédio moral e sexual, dupla jornada (especialmente entre mulheres), má qualidade do sono, sedentarismo e problemas financeiros são apontados como fatores que agravam o bemestar emocional no trabalho.

Na Accenture, a política de bemestar inclui atenção à saúde física, emocional, profissional e financeira. A empresa dispõe de programas de prevenção e protocolos de risco, com monitoramento de resultados e respostas a emergências — como a retirada segura de um funcionário durante o conflito em Israel, em outubro de 2023.

Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 31% dos brasileiros sofrem de ansiedade recorrente, sendo que jovens entre 18 e 35 anos são os mais afetados. A depressão também se destaca como uma condição prevalente no ambiente de trabalho.

Exemplos de programas corporativos

Libbs (farmacêutica):
Há cerca de quatro anos, a empresa mantém uma agenda estruturada de saúde mental e bemestar. O Núcleo de Cuidado reúne médicos, psicólogos, psiquiatra, nutricionista e assistente social, com mais de 46 mil atendimentos desde a criação. Desde 2021, a companhia também oferece serviço de apoio social e emocional, incluindo programa específico de apoio oncológico para colaboradores.

VLI (logística):
Há três anos, a empresa oferece um programa contínuo de saúde mental para colaboradores e seus dependentes, com atendimento psicológico 24h por dia, orientação nutricional, jurídica e financeira, sem custo adicional. A VLI conta com brigadistas em saúde mental treinados para identificar sinais de adoecimento e já realizou mapeamento de riscos psicossociais, com planos de ação em implementação.

Claro:
Com cerca de 25 mil funcionários, a operadora trouxe da matriz mexicana um programa completo de bemestar, abordando temas como relacionamentos, perdas profissionais e recentemente violência doméstica. A eficácia é medida pela redução de afastamentos por motivos de saúde, que caiu 10% em 2025 em relação a 2024. A gerente de saúde e bemestar, Lilian Nunes Silva, ressalta a importância de preparar lideranças para identificar sinais de sofrimento mental — ainda um tabu no ambiente de trabalho.

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