
A produção agrícola brasileira encerrou 2024 com valor de R$ 783,2 bilhões, uma queda nominal de 3,9% em relação ao ano anterior. O recuo, divulgado nesta quinta-feira (11) pelo IBGE, reflete a combinação de fatores como clima desfavorável, queda nos preços internacionais das commodities e menor desempenho das lavouras em algumas das principais regiões produtoras do país.

Apesar da expectativa inicial positiva para o ano, a desaceleração da demanda global e a recuperação das safras em países concorrentes, como a Argentina, pressionaram os preços da soja, milho e outras culturas brasileiras. Esses fatores impactaram diretamente a receita obtida com a safra, especialmente com produtos comercializados no início do ano, como a soja.
Segundo o IBGE, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas somou 292,5 milhões de toneladas em 2024 — 7,5% abaixo do volume colhido em 2023. O valor gerado por esse grupo de produtos caiu quase 18%, totalizando R$ 431,2 bilhões.
Mesmo com um aumento de 0,7% na área colhida, que chegou a 78,7 milhões de hectares, os principais cultivos de verão foram afetados por problemas climáticos. O rendimento médio das lavouras caiu, e, junto à desvalorização das commodities no mercado externo, contribuiu para a retração do setor.
No total, a área plantada no país foi de 97,3 milhões de hectares, alta de 1,2% em relação ao ano anterior. A soja segue como principal cultura nacional, com avanço de 1,8 milhão de hectares em sua área cultivada. Já o milho perdeu espaço, com redução de 4,9% na área plantada, principalmente na primeira safra.
Apesar da queda de 5% na produção, a soja manteve a liderança em valor gerado, somando R$ 260,2 bilhões — um recuo expressivo de 25,4% frente a 2023. O milho, com produção de 115 milhões de toneladas, teve queda de 13,5% no valor, fechando o ano em R$ 88,2 bilhões.
Entre as exceções positivas, destaque para o café, cuja produção cresceu 1,2% e alcançou valor de R$ 69,2 bilhões — alta de 58,1% no comparativo anual. O algodão também registrou recorde de produção, com 8,5 milhões de toneladas, o que resultou em aumento de 5,6% no valor gerado, chegando a R$ 31,3 bilhões.
A cana-de-açúcar teve produção de 759,7 milhões de toneladas, com queda de 2,9%, mas apresentou aumento de 3% no valor bruto, totalizando R$ 105 bilhões.
As dez principais culturas do país concentraram 83,5% de todo o valor gerado pela agricultura em 2024, segundo a pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM) divulgada pelo IBGE.
