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INTEGRAÇÃO REGIONAL

Brasil e Chile selam parcerias em Campo Grande para acelerar a Rota Bioceânica

Autoridades brasileiras e chilenas se reúnem em Campo Grande para debater avanços da Rota Bioceânica e firmar novas parcerias econômicas

3 setembro 2025 - 11h40Rafael Rodrigues e Maria Edite Vendas
Empresários e autoridades dos dois países participam das mesas de negociação na Casa da Indústria, em Campo Grande
Empresários e autoridades dos dois países participam das mesas de negociação na Casa da Indústria, em Campo Grande - (Foto: Maria Edite Vendas)
ENERGISA

Campo Grande sediou nesta quarta-feira (3), na Casa da Indústria, a Rodada de Negócios Brasil–Chile. O encontro reuniu autoridades dos dois países para consolidar parcerias econômicas e acelerar a implementação da Rota Bioceânica, projeto que promete transformar a logística sul-americana e impulsionar o comércio com a Ásia.

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O evento, organizado pela Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), foi marcado por discursos que refletiram tanto o avanço das obras quanto o simbolismo da integração regional. Autoridades brasileiras e chilenas destacaram a importância da Rota Bioceânica como vetor de desenvolvimento, redução de custos logísticos e aproximação com o mercado asiático.

O presidente da Fiems, Sérgio Longen, afirmou que Mato Grosso do Sul tem mantido crescimento acima da média nacional, especialmente na indústria e agroindústria. Ele defendeu o Chile como parceiro estratégico para ampliar o comércio bilateral e criticou entraves que afetam a competitividade brasileira.

“Nós precisamos vender mais para o Chile e, ao mesmo tempo, comprar mais desse mercado. Esse alinhamento é fundamental. Nos últimos anos, o Brasil perdeu competitividade, e os nossos preços não chegam de forma competitiva ao destino”, declarou Longen.

Ele destacou que a reforma tributária e a nova rota são cruciais para superar barreiras logísticas e burocráticas. No entanto, alertou para restrições como a complexidade tributária brasileira, citando a Receita Federal como um dos principais obstáculos. Segundo ele, a solução passa pela cooperação com países vizinhos, em uma construção conjunta da integração.

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, classificou o evento como um momento histórico. Ele se emocionou ao ouvir o hino chileno sendo executado em solo sul-mato-grossense e afirmou que aquele gesto simboliza a profundidade da integração que está sendo construída.

Governador Eduardo Riedel e o ministro chileno Nicolás Grau celebram a cooperação entre Brasil e Chile durante a Rodada de NegóciosGovernador Eduardo Riedel e o ministro chileno Nicolás Grau celebram a cooperação entre Brasil e Chile durante a Rodada de Negócios

“Fiquei emocionado ao ouvir o hino da República do Chile ser entoado aqui, dentro da nossa Casa da Indústria. Esse gesto demonstra o nível de integração que estamos construindo, um sonho coletivo que começa a se materializar de forma mais concreta.”

Riedel agradeceu a presença de autoridades e empresários chilenos, ressaltando a importância das parcerias estabelecidas com empresas como Arauco e Sonda. Ele ainda anunciou investimentos de R$ 474 milhões no trecho brasileiro da rota, especialmente no acesso à ponte binacional e na reestruturação da BR-267. O governador apontou que o comércio entre Mato Grosso do Sul e Chile foi equilibrado em 2024, com exportações de US$ 210 milhões e importações de US$ 197 milhões.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, relembrou o dúvida inicial sobre a viabilidade da rota e afirmou que o projeto finalmente está se tornando realidade, beneficiando toda a América do Sul. Ela relatou que o governo federal estruturou uma carteira de investimentos que já supera US$ 7 bilhões e poderá alcançar US$ 10 bilhões em financiamentos para obras logísticas, de conectividade e segurança de fronteira.

“Há mais tempo do que tenho de vida pública, o Brasil sonha com este projeto. Hoje, nós o vemos florescer. A ponte binacional está 75% concluída, a BR-267 passa por reestruturação, e o orçamento das obras já está assegurado”, afirmou Tebet.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone TebetA ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet

Ela também ressaltou os ganhos logísticos da nova rota, com redução de até 10 mil km e economia de até três semanas no transporte de cargas para a Ásia, além do impacto na geração de emprego, renda e serviços nos municípios ao longo do corredor.

O ministro chileno da Economia, Nicolás Grau, compartilhou sua experiência pessoal com o Brasil e reafirmou o compromisso do Chile com o projeto. Ele elogiou o empenho de lideranças locais e regionais e afirmou que o país já investe mais de US$ 1 bilhão em melhorias nos portos chilenos de Iquique, Antofagasta e no ecossistema logístico de Tarapacá.

“No Chile, temos uma rota de execução clara e obras em andamento. Estamos fazendo o que precisa ser feito para transformar o sonho em realidade”, destacou o ministro.

Grau também mencionou que o Brasil é o principal destino dos investimentos chilenos e destacou a robustez da parceria. Ele explicou que para acessar os acordos comerciais internacionais via Chile, é necessário agregar valor aos produtos em território chileno, o que pode estimular novas parcerias produtivas com empresas brasileiras.

O governador da Região de Tarapacá, José Miguel Carvajal, reforçou o valor simbólico e estratégico do encontro. Ele destacou o papel da ministra Simone Tebet e do governador Eduardo Riedel na consolidação do projeto e afirmou que o norte do Chile é a saída natural de Mato Grosso do Sul para o Pacífico.

Rodada de Negócios BrasilChile reúne lideranças políticas, empresariais e diplomáticas para fortalecer a integração econômica sul-americana em torno da Rota BioceânicaRodada de Negócios Brasil–Chile reúne lideranças políticas, empresariais e diplomáticas para fortalecer a integração econômica sul-americana em torno da Rota Bioceânica

“Iquique, Tarapacá e os nossos portos representam uma oportunidade única para aumentar a competitividade do Brasil. Esta relação pode se transformar em um marco histórico de integração real entre os povos do Chile, Argentina, Paraguai e Brasil.”

Carvajal também mencionou a atuação da Zona Franca de Iquique e a presença de empresários de diversas regiões chilenas, como Atacama, Arica e Antofagasta, como sinal de comprometimento com o avanço da rota.

A Rodada de Negócios Brasil–Chile, além de ser um marco institucional, abriu caminho para ações concretas de cooperação empresarial e investimentos. A partir das reuniões bilaterais, mesas de discussão e painéis, foi possível delinear um plano conjunto para fortalecer o corredor bioceânico, não apenas como rota comercial, mas como símbolo de uma nova fase da integração sul-americana.

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