alms4
MERCADO IMOBILIÁRIO

Recorde de imóveis usados no Minha Casa Minha Vida acende alerta no setor produtivo

Setor produtivo critica redirecionamento de recursos e teme impacto no emprego e na economia

4 julho 2025 - 14h45Redação
Setor da construção teme queda nos lançamentos com alta nos financiamentos de usados via Minha Casa, Minha Vida.
Setor da construção teme queda nos lançamentos com alta nos financiamentos de usados via Minha Casa, Minha Vida. - (Foto: Divulgação)

O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV) bateu recorde em 2024 ao financiar 155 mil imóveis usados, o maior número da história. Isso representou 27% dos contratos feitos com recursos do FGTS, principal fonte de dinheiro do programa. Embora a mudança tenha ampliado as opções para quem quer comprar a casa própria, construtoras e empresas da construção civil estão preocupadas.

Canal WhatsApp

Segundo o setor produtivo, o redirecionamento de parte dos recursos para imóveis usados pode prejudicar o mercado de novos empreendimentos, com efeito direto no emprego e em toda a cadeia da construção civil, que inclui fornecedores, mão de obra e pequenas empresas.

A crítica é que, ao financiar imóveis que já existem, menos dinheiro circula no setor produtivo. Já a construção de moradias novas movimenta a economia, gera empregos formais e fortalece o próprio FGTS, por meio da contribuição dos trabalhadores contratados.

De acordo com dados do setor, o MCMV foi responsável por 50% das vendas e lançamentos de imóveis novos no primeiro trimestre de 2025, com juros entre 4% e 8,16% ao ano — bem abaixo da taxa média do mercado, que gira em torno de 12% por conta da Selic a 15%.

Cadeia em risco - Empresários da construção argumentam que o corte nos recursos para novas obras compromete o crescimento da economia e pode desacelerar o setor, que é um dos principais geradores de emprego no Brasil. Eles defendem que a política habitacional precisa manter o equilíbrio entre moradias novas e usadas, sem deixar de lado o impacto econômico da construção civil.

A possível desaceleração vem num momento em que o governo federal estuda ampliar o acesso à casa própria pela classe média, criando novas linhas para compra de imóveis de até R$ 1,5 milhão. A ideia é usar mais recursos da poupança e tornar mais atrativos os contratos corrigidos pelo IPCA, índice oficial de inflação.

Segundo especialistas, o mercado ainda depende muito da poupança e do FGTS para financiar a habitação. Com a queda dos depósitos na poupança, o governo busca novas formas de garantir crédito, mas qualquer mudança na estrutura pode ter efeito colateral, especialmente sobre o emprego no setor.

A preocupação das construtoras é clara: se o foco dos recursos públicos continuar migrando para imóveis usados, o ritmo das obras novas pode cair, e com isso menos casas serão construídas, menos empregos serão gerados e a economia local pode ser afetada.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop