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21 de novembro de 2025 - 10h14
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ECONOMIA

Quais setores ganham e perdem com a retirada de tarifas de Trump?

Corte da sobretaxa de 40% alivia exportadores brasileiros, mas parte da indústria continua sem benefícios

21 novembro 2025 - 09h12Redação
Casa Branca anunciou a derrubada da tarifa adicional de 40% sobre uma série de produtos brasileiros
Casa Branca anunciou a derrubada da tarifa adicional de 40% sobre uma série de produtos brasileiros - (Foto: Marcio Figueiredo/Estadão)

A derrubada da tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos abriu novo capítulo na relação comercial entre os dois países. A ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump nesta quintafeira (20) zera a taxação que vinha impactando importantes setores exportadores do Brasil desde julho, quando o governo americano elevou o imposto total para 50% — somando a tarifa extra de 40% ao tributo recíproco de 10%.

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A mudança ocorre em meio ao esforço da Casa Branca para reduzir o custo de vida no mercado interno. Na semana passada, Trump já havia retirado a tarifa de 10% sobre itens como carne bovina, banana, café e tomate. Agora, com a revogação da sobretaxa de 40%, produtos que estavam praticamente inviabilizados no mercado americano voltam a competir em condições mais justas.

Entre os setores mais atingidos pelo chamado tarifaço, o café foi um dos que mais pressionaram o governo brasileiro por uma solução. Cerca de 16% de toda a produção nacional tem como destino os Estados Unidos — um mercado que viu os embarques brasileiros caírem desde agosto, com a entrada em vigor da taxa elevada.

Para o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o alívio veio em boa hora. O CEO Marcos Matos classificou a decisão como essencial para retomar espaço nos blends consumidos no país norteamericano. “Celebramos a queda da tarifa adicional de 40%. Buscaremos reconquistar os espaços perdidos no mercado americano”, afirmou.

A retirada da sobretaxa coloca o café brasileiro no mesmo patamar de concorrentes internacionais, o que, segundo o setor, reduz o risco de substituição por outros fornecedores.

Outro setor beneficiado foi o de carne bovina, altamente relevante na pauta exportadora do país. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) destacou que a decisão reforça a estabilidade no comércio internacional e restabelece condições equilibradas de competição.

Segundo a entidade, a reversão confirma a eficiência do diálogo técnico entre os governos e pode fortalecer a presença da carne brasileira em mercados estratégicos.

Frutas como abacate, manga, banana, goiaba, cacau e açaí foram contempladas. Nozes, raízes, tubérculos, vegetais e especiarias também tiveram as tarifas retiradas. Além disso, produtos energéticos como petróleo e carvão — citados pela Frente Parlamentar do Agronegócio — passaram a entrar nos EUA sem a sobretaxa.

A medida, no entanto, não alcançou todos os setores afetados pelo tarifaço de agosto. Entre os excluídos:

  • café solúvel,
  • indústria de pescados,
  • mel,
  • produtos industrializados, como calçados e máquinas.

O exsecretário de Comércio Exterior Welber Barral explicou que muitos itens de maior grau de processamento continuam com taxação alta. Já para a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), o sentimento é de “frustração”, apesar de reconhecer avanços para outros segmentos.

O Ministério da Agricultura informou que continuará analisando a lista e deve questionar o governo americano sobre os produtos que seguiram de fora. Mesmo assim, classificou o momento como positivo para a economia brasileira.

Impacto imediato e disputa por espaço - Com vários setores voltando à tarifa zero, exportadores estimam retomada gradual do volume de vendas. No caso do café, há uma preocupação adicional: evitar que concorrentes consolidem contratos de longo prazo durante o período de sobretaxa. A avaliação é que a recuperação de espaço dependerá da eficiência das cadeias produtivas e da manutenção do diálogo entre os governos.

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