Servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizaram, na manhã desta terça-feira (21), um protesto em frente à sede do órgão, no centro do Rio de Janeiro, contra a proposta de reformulação do estatuto da instituição apresentada pela atual gestão do presidente Márcio Pochmann. O ato foi organizado pelo sindicato nacional da categoria, o Assibge-SN, e batizado como "Dia Nacional de Luta em Defesa do IBGE e contra o Estatuto Total Flex".
Com faixas, cartazes e palavras de ordem, os manifestantes criticaram a proposta do novo estatuto, que, segundo eles, representa um retrocesso institucional ao concentrar poderes na Presidência do órgão e reduzir a autonomia das diretorias técnicas. O sindicato denuncia a ausência de diálogo da direção com os servidores e a possibilidade de alterações estruturais no IBGE sem a devida transparência ou participação.
“O sindicato repudia a proposta vinda sem conversa por parte da direção do IBGE, por compreender que ela representa um grave enfraquecimento das áreas técnicas e uma concentração de poder na Presidência do Instituto”, afirmou a executiva nacional do Assibge-SN, em nota oficial.
Autonomia técnica ameaçada - Um dos principais pontos criticados pelos trabalhadores é a previsão de que a estrutura organizacional do IBGE deixe de constar no estatuto e passe a ser definida por regimento interno, que pode ser alterado a qualquer momento pela Presidência do instituto. Para os servidores, essa mudança compromete a estabilidade institucional e enfraquece a independência técnica do órgão, responsável por importantes pesquisas e indicadores nacionais.
Além do ato no Rio de Janeiro, outras unidades do IBGE em diferentes estados também registraram manifestações organizadas pelos núcleos regionais do sindicato.
A proposta da nova estrutura já havia sido rechaçada em uma carta assinada por mais de 70 servidores da Diretoria de Pesquisas, entre eles coordenadores de áreas estratégicas como Rebeca Palis (Contas Nacionais), Adriana Beringuy (Pesquisas por Amostra de Domicílios) e Flavio Magheli (Estatísticas Conjunturais em Empresas).
“A credibilidade do IBGE exige não apenas independência de fato, mas também a percepção inequívoca de independência perante a sociedade”, diz o documento.
Rejeição também na área de Geociências - Outro posicionamento contrário à proposta foi apresentado por 52 servidores da Diretoria de Geociências do IBGE. Em nota, eles expressaram “firme posição contrária” à minuta do novo estatuto, destacando que a reformulação precisa ser feita com base em um processo transparente, participativo e técnico.
“Entendemos que a discussão de um novo estatuto poderia se beneficiar da participação dos servidores da casa — inclusive os recém-ingressos — nesse fórum”, reforça o texto.
A principal preocupação dos trabalhadores é que a proposta, ao não definir a composição do Conselho Diretor no próprio estatuto, transfere esse poder exclusivamente à Presidência, colocando em risco a governança e a legitimidade das decisões do órgão.
O IBGE ainda não se manifestou oficialmente sobre os protestos nem sobre os documentos de rejeição.
