
A produção industrial brasileira avançou 0,8% em agosto na comparação com julho, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (3) pelo IBGE, na série com ajuste sazonal. Em relação a agosto de 2024, houve recuo de 0,7%. No acumulado do ano, a indústria soma alta de 0,9%, enquanto em 12 meses o crescimento chega a 1,6%.

Apesar do desempenho geral positivo, alguns setores mais voltados para exportação registraram impactos negativos devido ao aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos, o chamado “tarifaço”, aplicado pelo presidente Donald Trump. De acordo com André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal, o efeito já havia sido sinalizado em julho, mas se tornou mais evidente em agosto, principalmente em atividades como produtos de madeira, móveis e extrativas.
Na comparação mensal, a produção de madeira caiu 8,6%, o setor extrativo recuou 0,3% e móveis tiveram ligeira alta de 0,1%.
Desempenho por tipo de produto
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Bens de capital: queda de 1,4% frente a julho; recuo de 5,0% em relação a agosto de 2024.
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Bens de consumo: alta de 0,8% ante julho; queda de 4,9% na comparação anual.
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Duráveis: +0,6% mensal; -4,0% anual.
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Semiduráveis e não duráveis: +0,9% mensal; -5,1% anual.
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Bens intermediários: aumento de 1,0% frente a julho; alta de 2,0% em relação ao ano anterior.
Principais setores que puxaram a alta em agosto
Os destaques positivos foram produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+13,4%), coque, derivados de petróleo e biocombustíveis (+1,8%) e produtos alimentícios (+1,3%). Outros ramos com crescimento relevante incluem impressão e reprodução de gravações (+26,8%), veículos automotores (+1,8%), produtos diversos (+5,8%), outros equipamentos de transporte (+4,4%) e bebidas (+1,7%).
Por outro lado, os principais recuos vieram de produtos químicos (-1,6%), máquinas e equipamentos (-2,2%), produtos de madeira (-8,6%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-3,6%) e indústrias extrativas (-0,3%).
Segundo Macedo, os efeitos do tarifaço foram pontuais, mas mais perceptíveis entre empresas com forte presença em exportações, influenciando expectativas de produção futura e decisões estratégicas de algumas indústrias.
