
Com a chegada do fim de ano e estabilização da pandemia, viagens em vários destinos do País tem gerado grande interesse por sul-mato-grossenses, que apesar da procura, vem enfrentando dificuldades na hora de fechar os pacotes por conta dos altos preços das passagens aéreas. O jornal A Crítica fez um levantamento com três agências de viagens de Campo Grande, onde todas indicaram um consenso: Nordeste continua sendo o lugar mais desejado pelos interessados.

Segundo a responsável pela Le Monde Turismo, Tatiane Donatti apesar do aumento das vendas em relação ao período de maior intensidade de pandemia de covid-19, o número poderia ser maior não fosse o alto preço das passagens aéreas. “No Natal e ano novo as vendas estão baixas. Está tendo procura, mas as pessoas não estão fechando devido ao preço das passagens aéreas”, disse Tatiane.
Tatiane Donatti, responsável pela Le Monde Turismo
A visão é corroborada pelo gerente da Campo Grande Turismo, Nivaldo Silva que percebe que muitas pessoas que procuram viagens para as festas de fim de ano estão preferindo programar viagens para o período de baixa temporada, entre os meses de março e maio. “Está tendo muita procura para o fim de ano, só que o problema principal no momento é que as passagens aéreas estão em sua maioria muito caras. As pessoas de classe média para baixo estão sentindo dificuldades de programar uma viagem. Elas estão tentando procurar um período mais em conta na baixa temporada”, ponderou.
Nivaldo Silva, gerente da Campo Grande Turismo
O mesmo não é sentido por todas as empresas. Segundo os donos da Gasparetto Turismo, Natalia Gasparetto e Fabio Gasparetto o movimento nesse ano tem sido cerca de 50% acima do verificado antes da pandemia. De acordo com Natalia a procura para o fim de ano e inicio de 2023 tem sido bem alta e ela enxerga uma queda de preços recentes. “A procura pós-pandemia tem sido muito focada em Brasil, principalmente no Nordeste, em Porto Seguro, Maceió, Natal e os preços abaixaram bastante, então entendo ser o momento para aquisição de pacote de férias”, disse ela.
Natalia Gasparetto, proprietária da Gaparetto Turismo
Visão é acompanhada por Fábio, que alegou que os preços estiveram muito caros, mas que agora tiveram uma queda. “Os preços para o final de ano, no primeiro semestre estavam muito elevados, agora houve uma redução nesses últimos 30 dias das passagens de final de ano, dezembro e janeiro. Com essa redução acredito que cerca de 70% das pessoas vão começar a comprar agora por conta da redução de valores que vão ocorrer daqui pra frente”, acredita. E complementou: "Antes o preço estava muito elevado. Uma passagem antes para qualquer destino do Nordeste ida e volta no período de natal e réveillon estava custando de R$ 3 mil a R$3,5 mil por pessoa, hoje você já consegue comprar a partir de R$ 1,5 mil ida e volta”, completou.
Independente da questão dos preços, os destinos mais procurados pelos consumidores são as praias do nordeste de acordo com os empresários. Um levantamento do buscar de passagens Kayak indica que seis localidades do Nordeste do país estão na lista dos 10 destinos nacionais que tiveram as maiores altas na procura por turistas para o segundo semestre de 2022. Segundo a pesquisa realizada pelo buscador de viagens, Salvador (BA) registra o índice mais elevado entre as cidades da região, de 343%, seguida de Recife (PE), com 294%. Maceió (AL) alcançou um percentual de aumento de 274%, seguida de Natal (239%), Fortaleza (238%) e Porto Seguro, na Bahia (202%).
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou de 5,1% para 5,8% a projeção de crescimento do turismo no Brasil em 2022. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado mensalmente pelo Intituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), apontou elevação de 47,7% no valor das passagens aéreas, no acumulado de 12 meses encerrados em setembro.
Outra possibilidade que segundo os empresários tem sido muito adotada pelos viajantes de Mato Grosso do Sul devido ao preço elevado das passagens aéreas, tem sido ir de carro para destinos mais próximos do Estado, reservando somente o hotel. “Réveillon as pessoas tem buscado hotel em Santa Catarina, Paraná, as praias de São Paulo, muitos estão preferindo reservar só o hotel e viajar de carro”, destacou Tatiane Donatti.
Praia de Coqueirinho em João Pessoa na Paraíba
Nivaldo Silva também vê isso acontecendo, segundo ele, a situação aconteceu no ano passado. “Acredito que esse ano vai acontecer o mesmo que no ano passado, os litorais de São Paulo, Santa Catarina que são relativamente próximos vão ter muito turista indo de carro próprio”, pontuou.
Pós-pandemia - Os empresários sentem que neste ano e até mesmo a partir de metade do ano passado tem sido possível observar um crescimento em relação em período afetado pela pandemia, estando hoje a situação já normalizada ou em alguns casos superando o período pré-pandêmico.
A Gasparetto Turismo observou um aumento de 50% no movimento em relação ao período anterior a pandemia. Para Natalia, isso é motivado pelo confinamento causado pela pandemia que teria feito as pessoas quererem viajar. “Muita gente ficou preso em casa pela pandemia, e agora que praticamente acabou, houve um aumento de 50% na procura, está muito melhor que antes as pessoas”, comemorou a empresaria.
Segundo dados do IBGE, a atividade turística no mês de agosto cresceu 1,2% em relação a mês anterior, segundo resultado positivo seguido, período em que acumulou ganho de 2,7% . Com isso o turismo no país se encontra 0,1% acima do patamar de fevereiro de 2020, um mês antes do inicio da pandemia.
Viagens internacionais - Segundo o informado, as viagens nacionais é com sobra a maior parte da procura, mas acompanhando a recuperação pós-pandemia as viagens internacionais voltaram a ser procuradas. Dentre as viagens internacionais os destinos mais procurados de acordo com os empresários é Bueno Aires na Argentina, Santiago no Chile e destinos na Europa como Paris, Londres, países como Portugal e Espanha. Os Estados Unidos também é um destino muito procurado, porem apenas por quem já tem o visto americano tendo em vista que a fila de espera para conseguir o visto é demorada, com vagas apenas para o ano que vem.
