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ECONOMIA PÚBLICA

Presidente dos Correios descarta privatização e anuncia plano para reequilibrar estatal até 2027

Em entrevista coletiva, Emmanoel Rondon detalha medidas emergenciais e estruturais para conter rombo financeiro e garantir sustentabilidade da empresa

15 outubro 2025 - 16h35Flávia Said
Presidente dos Correios apresentou medidas para reestruturação financeira da estatal até 2027
Presidente dos Correios apresentou medidas para reestruturação financeira da estatal até 2027 - (Foto: Divulgação)

O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, afirmou nesta quarta-feira (15) que a empresa não está em processo de privatização e que o foco atual da gestão é reestruturar a estatal com medidas de curto e médio prazo para alcançar o equilíbrio financeiro até 2027. A declaração foi dada durante entrevista coletiva em Brasília, quando Rondon apresentou os eixos iniciais do plano de recuperação da companhia.

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“A operação de crédito que estamos negociando é para garantir o reequilíbrio da empresa em 2025 e 2026, adotando medidas que começam a impactar de fato a partir de 2026. Com isso, em 2027, esperamos iniciar um ciclo de balanço em azul”, afirmou o presidente.

O plano prevê uma série de iniciativas voltadas à melhoria da eficiência operacional e contenção de despesas, com foco na sustentabilidade dos serviços postais, que continuam sob responsabilidade da estatal em todo o território nacional. Rondon reforçou que a estratégia não envolve venda da empresa: “O que se está discutindo é uma reestruturação da empresa, não privatização”.

Corte de gastos e aumento de eficiência - Um dos principais pontos destacados por Rondon é o crescimento das despesas da estatal, que, segundo ele, têm aumentado cerca de 6% ao ano — acima do ritmo de crescimento das receitas. “A perda de qualidade operacional gera perda de contratos, o que agrava a situação financeira. Por isso, estamos atuando em duas frentes: aumento de receita e redução de custos”, explicou.

Entre as medidas de contenção está o Programa de Demissão Voluntária (PDV), que será implantado com cautela, após mapeamento de ineficiências e ociosidades na estrutura. “Se fosse um programa linear, poderíamos perder capacidade operacional. Por isso estamos fazendo uma análise cuidadosa, área por área”, pontuou.

Rondon afirmou que o programa ainda está em fase de planejamento e que os dados sobre quais setores e regiões serão afetados ainda estão sendo finalizados. “Estou há 21 dias no cargo, e estamos concluindo o levantamento das ociosidades no País inteiro”, destacou.

Outra frente de atuação será a revisão do posicionamento estratégico do Mais Correios, o marketplace lançado pela estatal. A nova gestão pretende reavaliar a atuação da plataforma no mercado digital e buscar formas de diferenciação em relação à concorrência privada. “Estamos revendo o posicionamento junto aos colegas, avaliando qual é a melhor estratégia nesse ambiente competitivo”, disse.

A ampliação do portfólio de produtos e serviços, inspirada em modelos internacionais de empresas postais, também está em estudo. “Queremos entender o que é possível implementar no tempo certo para aumentar a geração de receita”, disse Rondon, citando países onde os Correios atuam com soluções financeiras, logísticas e tecnológicas integradas.

Desinvestimento de imóveis ociosos - Em busca de alívio imediato nas contas, os Correios também vão intensificar o processo de desinvestimento em imóveis ociosos, muitos deles já identificados e com potencial de venda. “Estamos estudando uma forma mais ágil de viabilizar essas vendas. Esses imóveis estão consumindo recursos com manutenção, mesmo sem utilidade operacional”, destacou.

O presidente também comentou sobre o Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios, que ainda enfrenta um rombo de R$ 15 bilhões. Metade desse valor será pago pela estatal, conforme contrato de confissão de dívida firmado no ano passado. O restante será dividido entre funcionários, aposentados e pensionistas, conforme prevê a legislação.

Rondon disse que o tema está inserido na atual rodada de negociações salariais da estatal com as federações, e preferiu não antecipar posicionamentos. “Sabemos que o Postalis é um dos itens mais relevantes da despesa da empresa. Precisamos negociar uma solução melhor do que a que temos hoje”, resumiu.

Para além da redução de custos, a nova gestão busca estreitar relações com grandes clientes empresariais, que representam uma fatia significativa do faturamento da estatal. A meta é resgatar contratos e ampliar parcerias estratégicas, aproveitando a capilaridade nacional da empresa.

Correios em busca de um novo ciclo - Apesar do desafio financeiro, o presidente mantém discurso otimista sobre a recuperação da empresa. “Se fizermos as melhorias que estamos planejando, temos certeza de que a viabilidade financeira será alcançada. Queremos sair dessa discussão de viabilidade e passar a falar em sustentabilidade”, concluiu Rondon.

A reestruturação dos Correios é acompanhada com atenção por diferentes setores da sociedade, especialmente diante da importância da empresa como prestadora de serviços postais universais e seu papel econômico e logístico no País. A expectativa da gestão é que, com as mudanças implementadas, a estatal volte a registrar superávit até 2027.

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