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VEÍCULOS ELÉTRICOS

Canadá adia meta de vendas de elétricos diante da pressão das tarifas dos EUA

Governo de Mark Carney recua em exigência ambiental para aliviar setor automotivo impactado por medidas de Trump

5 setembro 2025 - 14h15Associated Press*
Montadoras canadenses enfrentam pressão com tarifas dos EUA; governo suspende meta de veículos elétricos
Montadoras canadenses enfrentam pressão com tarifas dos EUA; governo suspende meta de veículos elétricos - Foto: Divulgação / Chevrolet Equinox EV
ENERGISA

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, anunciou nesta sexta-feira (5) o adiamento da exigência para que as montadoras atinjam metas mínimas de vendas de veículos elétricos (EVs) a partir de 2026. A decisão ocorre em meio às dificuldades enfrentadas pelo setor automotivo canadense diante das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos sob a liderança do presidente Donald Trump.

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A meta havia sido estabelecida durante o governo do ex-primeiro-ministro Justin Trudeau, que previa que, até 2026, ao menos 20% dos veículos de passageiros vendidos no país fossem de emissão zero. Com a mudança na política comercial norte-americana, o atual governo canadense optou por suspender temporariamente a imposição da meta ambiental.

"Temos um setor automotivo que, devido à mudança maciça na política comercial dos EUA, está sob enorme pressão. Reconhecemos isso", afirmou Carney. “O mandato para EVs se soma aos problemas de liquidez e aos desafios financeiros desses produtores. Eles já têm preocupações suficientes, então estamos tirando isso da pauta.”

Impacto direto das tarifas comerciais

As novas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos afetaram diretamente a cadeia produtiva automotiva canadense, gerando instabilidade e agravando a situação financeira das montadoras. Com o mercado cada vez mais volátil, o governo canadense optou por priorizar a sobrevivência do setor industrial e a preservação de empregos.

Além de suspender a meta de eletrificação da frota, Carney anunciou uma série de medidas emergenciais para apoiar trabalhadores e empresas atingidos pelas disrupções comerciais. Entre elas está a flexibilização do acesso ao seguro-desemprego, com benefícios estendidos para trabalhadores impactados pelas paralisações ou cortes nas plantas industriais.

“Não podemos mais contar com nosso parceiro comercial mais importante como antes”, afirmou o premiê, referindo-se ao histórico de integração econômica entre Canadá e Estados Unidos, agora tensionado pelas ações protecionistas da Casa Branca.

Resposta chinesa agrava cenário comercial

A tensão no comércio internacional também se intensificou com a retaliação da China à tarifa de 100% imposta pelo Canadá sobre veículos elétricos chineses. Em resposta, o governo chinês aplicou uma tarifa de 75,8% sobre a importação da canola canadense, uma das principais commodities agrícolas do país.

Para mitigar os impactos da medida, o governo canadense anunciou um novo incentivo à produção no valor de 370 milhões de dólares canadenses (equivalente a US$ 268 milhões), destinado a apoiar os produtores de canola afetados pela perda de competitividade no mercado chinês.

Mudança de rota em meio à incerteza geopolítica

A reversão temporária de metas ambientais sinaliza um realinhamento estratégico do governo canadense diante da crescente instabilidade comercial internacional. Embora Carney reafirme o compromisso com a transição energética, ele admite que o momento exige “respostas práticas” para proteger a indústria e os empregos.

Analistas apontam que a suspensão da meta de vendas de EVs pode gerar atraso na agenda climática do Canadá, mas destacam que o governo parece determinado a evitar um colapso industrial em meio ao acirramento das disputas comerciais globais.

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