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ECONOMIA

Preços dos alimentos recuam em julho, mas impacto do tarifaço dos EUA ainda é incerto, afirma IBGE

Caiem os preços da alimentação em domicílio, mas efeitos do tarifaço de Trump sobre a inflação são prematuros para serem avaliados

12 agosto 2025 - 14h55Daniela Amorim
Os preços dos alimentos recuaram em julho, mas o impacto do tarifaço anunciado por Trump ainda não pode ser analisado com precisão, segundo o IBGE.
Os preços dos alimentos recuaram em julho, mas o impacto do tarifaço anunciado por Trump ainda não pode ser analisado com precisão, segundo o IBGE. - Valter Campanato/Agência Brasil/Arquivo
Terça da Carne

Os preços dos alimentos recuaram em julho pelo segundo mês consecutivo, após uma sequência de nove meses de aumentos. Essa melhora recente, no entanto, está mais relacionada a uma maior oferta de produtos, resultado de safras melhores, do que a qualquer influência do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra alguns produtos exportados pelo Brasil para o mercado norte-americano. A avaliação foi feita por Fernando Gonçalves, gerente do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O grupo Alimentação e Bebidas passou de um recuo de 0,18% em junho para uma queda de 0,27% em julho, o que contribuiu com -0,06 ponto porcentual para a taxa geral de 0,26% registrada pelo IPCA no mês. A queda foi puxada principalmente pela alimentação no domicílio, que teve uma retração de 0,69%.

Entre os itens que mais contribuíram para a queda, destacam-se as reduções nos preços da batata-inglesa (-20,27%), cebola (-13,26%) e arroz (-2,89%). As carnes também apresentaram queda de 0,30%, e o café moído recuou 1,01%.

De acordo com Gonçalves, o IPCA registrou uma leve aceleração na passagem de junho para julho, e a queda nos preços dos alimentos ajudou a amenizar outras pressões inflacionárias no mês. A maioria dos subgrupos alimentícios teve redução de preços em julho, sendo o café o grande destaque. Após 18 meses consecutivos de altas, o café registrou o primeiro recuo, devido à melhora na oferta do produto.

“Pode ser um efeito de maior oferta que já está chegando na prateleira. Cravar que é (proveniente) de tarifaço é muito prematuro, é meio bola de cristal”, afirmou Gonçalves, ponderando que o tarifaço dos Estados Unidos entrou em vigor recentemente, tornando prematuro apontar qualquer efeito nos preços dos produtos.

O pesquisador acrescentou que será necessário esperar para entender como o mercado reagirá ao tarifaço, observando se os produtores encontrarão novos mercados consumidores, se preferirão estocar produtos ou se a oferta doméstica aumentará de fato. Gonçalves ainda destacou que frutas não podem ser estocadas, e caso entrem no mercado interno, a oferta aumentaria, com tendência de queda nos preços.

Por outro lado, os preços da alimentação fora do domicílio apresentaram uma alta de 0,87% em julho, com destaque para o subitem lanche, que subiu 1,90%, e refeição fora de casa, que teve aumento de 0,44%.

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