
De março a julho, em meio à pandemia do novo coronavírus, construtoras de todo o país tiveram aumento no preço de materiais de construção. Em Mato Grosso do Sul, produtos como cimentos e aço tiveram aumento de mais de 10% nos preços. Os preços dos materiais de construção foi sentido pelos empresários do setor no Estado.

Para o presidente do Sinduscon-MS, Amarildo Miranda Melo, o aumento de preço dos materiais de construção em plena pandemia surpreendeu o setor da Construção em Mato Grosso do Sul, que mesmo em meio a crise vem tentado se manter estável e em produção. “Não é o momento para haver aumento de preço, ainda mais com percentuais acima da inflação. O setor da construção vem demostrado sinal de recuperação e é fundamental que toda a cadeia, incluindo o setor de materiais de construção, colabore para a manutenção dessa recuperação e do aumento do emprego e da renda”, disse.
Em todo o Brasil, dos itens consultados, o cimento foi o que teve mais aumento: 95% das empresas identificaram alteração nos valores cobrados, diz o levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
O presidente do Sinduscon-MS, Amarildo Miranda Melo
Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, o momento não poderia ser mais inoportuno para aumentar preços. “É uma miopia por parte da cadeia produtiva. Em um momento onde indicadores têm mostrado sinais de recuperação no setor, quando temos a expectativa de que a construção civil possa puxar a retomada do crescimento, alguém decide levar vantagem”, disse.
No levantamento realizado pela CBIC, 95% das empresas responderam que o cimento teve aumento durante o período da pandemia. Para 59% delas, o aumento foi de até 10%. Para 36%, o aumento foi acima de 10%. Quando a pergunta foi sobre aumento no preço do aço, 87% das empresas responderam que tiveram aumento durante o período da pandemia. Para 55% delas, o aumento foi de até 10%. Para 32%, o aumento foi acima de 10%.
De acordo com o presidente da CBIC, o aumento no preço dos materiais fora de momento, totalmente alheio à realidade da inflação, pode ter como efeito rebote o aumento dos juros. “Seria ruim para Brasil, em especial para a construção, pois desequilibraria todo o mercado. As empresas contrataram obras considerando uma realidade. Se essa realidade é modificada, as obras ficam novamente reduzidas”, explica.
Na avaliação de Dionyzio Klavdianos, presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da CBIC, o momento não é nada propício para o aumento de preços. Ele lembra que o setor da construção civil enfrentou um longo período de crise e mal havia completado um ano de recuperação tênue quando foi impactado por uma pandemia mundial. “Mesmo não tendo seus canteiros fechados na maioria dos estados, nossas empresas têm sofrido os impactos da pandemia da mesma forma que os demais setores da economia“, disse.
O cimento foi o produto que mais subiu
Outros itens - A pesquisa também perguntou sobre aumento nos preços de concreto, bloco cerâmico, bloco de concreto e cabos elétricos. Em todos eles houve aumento.
No caso do concreto, 81% das empresas responderam que houve aumento de preço durante o período da pandemia. Para 59% delas, o aumento foi de até 10%. Para 22%, o aumento foi acima de 10%. Quando o item consultado foi bloco cerâmico, 75% das empresas responderam que houve aumento durante o período da pandemia. Para 32% delas, o aumento foi de até 10%. Para 43%, o aumento foi acima de 10%.
Quando a pergunta foi sobre preço de bloco de concreto, 74% das empresas responderam que tiveram aumento durante o período da pandemia. Para 51% delas, o aumento foi de até 10%.
Para 23%, o aumento foi acima de 10%. Por fim, 90% das empresas responderam que cabos elétricos tiveram aumento durante o período da pandemia. Para 43% delas, o aumento foi de até 10%. Para 47%, o aumento foi acima de 10%.
