
O Pix, sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central e lançado no Brasil em 2020, tem conquistado popularidade não apenas no território nacional, mas também em diversos países visitados por brasileiros. Em viagens recentes ao Paraguai e à Argentina, a dentista Tuanny Monteiro Noronha, de Brasília, experimentou a facilidade de realizar pagamentos via Pix, tanto em lojas como em restaurantes. Embora o Pix não permita transferências diretamente para contas bancárias em outros países, o sistema tem ganhado força no exterior graças a parcerias entre fintechs brasileiras e empresas de pagamentos.

"Praticamente todos os estabelecimentos que visitei no Paraguai e em Buenos Aires aceitavam Pix, principalmente as lojas grandes e os restaurantes", contou Tuanny. A experiência mostra como o sistema brasileiro está sendo adotado em países vizinhos, especialmente em cidades com alto fluxo de turistas brasileiros, como Ciudad del Este e Buenos Aires.
Desde 2023, o Pix tem sido implementado no exterior, graças a soluções tecnológicas que possibilitam o pagamento por meio de QR Code em moeda local, com a conversão para o real realizada instantaneamente. Em locais como Argentina, Paraguai, Chile, Portugal, França, Estados Unidos e Panamá, a opção de pagamento com Pix está se tornando cada vez mais comum. No caso das transações realizadas no exterior, o pagamento em Pix envolve um intermediário, como uma empresa de eFX (facilitadora de pagamentos internacionais), que converte o valor para a moeda local, com o câmbio sendo definido no momento da transação.
De acordo com Alex Hoffmann, CEO da PagBrasil, uma das empresas que viabiliza essa expansão do Pix, o modelo de pagamento via Pix no exterior garante ao consumidor a conversão imediata para o real, ao contrário dos cartões de crédito, que podem ter variações na cotação do câmbio. "Aquele valor que aparece no QR Code da maquininha, já em real, é o valor final da compra pelo cliente", explicou Hoffmann.
O Banco Central do Brasil também reconheceu o crescente uso do Pix fora do país, e embora ainda não exista um Pix internacional para transferências diretas, o sistema já está sendo adotado por diversos estabelecimentos internacionais. Além disso, o BC estuda maneiras de conectar o Pix ao sistema Nexus, uma plataforma do Banco de Compensações Internacionais, para viabilizar transferências rápidas entre países.
A expansão do Pix também é uma resposta ao alto número de turistas brasileiros viajando para os Estados Unidos e Europa. Em 2024, 1,9 milhão de brasileiros visitaram os EUA, com um gasto total superior a US$ 4,9 bilhões. Agora, com o acordo entre a PagBrasil e a Verifone, grandes lojas e parques temáticos nos Estados Unidos também oferecem a opção de pagamento via Pix, com conversão em tempo real para o dólar.
Em um contexto internacional, o Pix se mostra como uma solução versátil, permitindo desde pagamentos instantâneos até a compra de crédito para conversão de moeda, como observou a jornalista Verônica Soares, que usou o sistema em Paris para converter reais em euros. "Agora, faço um Pix da minha conta para um aplicativo e converto instantaneamente para o euro, sem precisar passar por casa de câmbio", explicou Verônica, destacando a praticidade do sistema.
Apesar de algumas tentativas de interferência, como a recente investigação do governo norte-americano, que questionou práticas relacionadas ao Pix, especialistas como Hoffmann acreditam que a tecnologia está no caminho certo e é "imparável". "O Pix é o sistema de transferências mais versátil do mundo, e ele continuará a expandir", afirmou Hoffmann.
