
A (PF) identificou indícios de gestão fraudulenta e temerária, além de evasão de divisas, praticadas por funcionários de cinco bancos no âmbito da . A investigação aponta que essas instituições não adotaram cuidados básicos ao firmarem contratos de câmbio, ignorando procedimentos elementares de prevenção à lavagem de dinheiro (PLD/FT) e financiamento ao terrorismo (FT).

A PF afirma que, com simples buscas na internet, os bancos poderiam ter constatado que estavam lidando com empresas de fachada e pessoas sem lastro econômico para movimentar bilhões. Em vez disso, deixaram de exigir documentação mínima ou de zelar pelo correto preenchimento dos papéis — obrigações que, à época, eram legais e, quando desrespeitadas, convertiam operações em ilícitas. O relatório da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor), da Superintendência da PF em SãoPaulo, reforça que bancos foram “peçachave” na engrenagem criminosa.
Linha de atuação do esquema: câmbio, criptoativos e evasão - A Operação Colossus investigou operações bancárias realizadas em escritórios localizados nos centros financeiros da Berrini e FariaLima em SãoPaulo, bem como na Praia de Botafogo, RiodeJaneiro. O foco principal recaíu sobre o executivo , que teria movimentado cerca de R$8bilhões em operações de câmbio. Ele e outros operadores, a maioria jovens e conectados ao mercado de criptomoedas, haviam formado um núcleo que permitia remessas reguladas como aumento de capital social de empresas de fachada — e não como compra de criptoativos — para reduzir alíquota de IOF de1,1% para apenas 0,38%.
Segundo a PF, empresas investigadas não apresentavam atividade econômica legítima; eram vistas como “fachadas” para lavagem de dinheiro e evasão de recursos para o exterior, também em criptomoedas. O relatório conclui que, se os bancos investigados tivessem observado as normas de KYC (conheça seu cliente) e AML (prevenção à lavagem de dinheiro), o esquema não teria prosperado.
Bancos citados e postura institucional - A PF dividiu as instituições entre as que comunicaram operações suspeitas ao (Coaf) — encerrando contas de clientes envolvidos — e as que não tomaram ações similares, mesmo tendo perfis de contas idênticos.
Foram mencionados os bancos: , (atual Braza Bank Banco de Câmbio), , e . O relatório critica que, enquanto alguns bancos registraram dezenas ou centenas de comunicações ao Coaf para um único investigado, outros não fizeram nenhuma, mesmo apresentando contas com movimentações semelhantes.
Respondendo aos questionamentos:
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O Banco Genial afirma ter “colaborado integralmente com as autoridades, atendendo todas as solicitações e comunicando ao Coaf operações suspeitas”.
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O BancoMaster afirmou que “as operações de câmbio de 2019 observavam rigorosamente as normas vigentes à época”.
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O BancoTravelex disse que “não reconhece qualquer fundamento nas informações da PF e atua em estrita conformidade com a legislação”.
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O Santander afirmou que “cumpre integralmente as normas e não é investigado no âmbito da operação”.
Regulamentação cambial e responsabilidades dos bancos - O relatório da Delecor destaca que a nova lei de câmbio aumentou a responsabilidade das instituições financeiras. Conforme explicação do (BCB), as instituições autorizadas a operar no câmbio devem:
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Identificar e qualificar seus clientes.
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Assegurar o processamento lícito das operações.
Essas mudanças visam reforçar medidas de prevenção à lavagem de dinheiro, assegurando que os bancos não sejam apenas “recebedores passivos” de operações.
A PF assinala que as instituições que cumpriram efetivamente essas obrigações evitaram participação em esquemas ilícitos, enquanto as que falharam foram cooptadas pela engrenagem criminosa.
