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PESCA

Pescadores profissionais de MS defendem proibição da comercialização de pescado no Pantanal

Proibição da comercialização de pescado no Pantanal vai além da proteção do estoque pesqueiro

2 julho 2023 - 18h06Ricardo Eugenio
Sustentabilidade em ação: ACERT incentiva prática da pesca pesque e solte no Rio Paraguai.
Sustentabilidade em ação: ACERT incentiva prática da pesca pesque e solte no Rio Paraguai. - (Foto: Edemir Rodrigues)

A Associação Corumbaense das Empresas Reunidas de Turismo (ACERT), que reúne os operadores de barcos-hotéis e hotéis da deslumbrante Capital do Pantanal, apoia fervorosamente a iniciativa do governo de Mato Grosso de proibir o transporte e a comercialização do pescado na bacia do Rio Paraguai pelos próximos cinco anos. Essa medida, que visa a proteção e a preservação desse ecossistema único, encontra total apoio do empresário Luiz Antônio Martins, presidente da ACERT.

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Em uma entrevista exclusiva, Martins expressou a sua convicção de que essa legislação deveria ser aplicada também pelo governo de Mato Grosso do Sul, para que haja uma abordagem uniforme em todo o ecossistema. Ele enfatizou o sucesso que essa medida trouxe ao estado vizinho de Goiás, onde a pesca esportiva continua em alta e os ex-pescadores profissionais puderam encontrar novas profissões dignas e prosperar.

Durante uma recente visita aos destinos de pesca em Goiás, Martins testemunhou de perto os resultados positivos dessa proibição, tanto em termos ambientais quanto econômicos e sociais. Ao conversar com os guias de pesca, que antes eram pescadores profissionais, ele constatou que eles não têm o desejo de retornar ao passado de exploração excessiva dos recursos naturais. Pelo contrário, eles agora desfrutam de salários justos e uma melhor qualidade de vida.

Luiz Antônio Martins, empresário à frente da ACERT, defende pesca pesque e solte no Pantanal para garantir seu futuro.Luiz Antônio Martins, empresário à frente da ACERT, defende pesca pesque e solte no Pantanal para garantir seu futuro

No entanto, o empresário faz uma ressalva preocupante: ao contrário dos goianos, a grande maioria dos pescadores profissionais em Mato Grosso do Sul, especialmente em Corumbá, não desfrutam de uma qualidade de vida adequada e são explorados por intermediários. Martins mencionou a lei do transporte zero em Mato Grosso, onde os pescadores profissionais têm garantido um salário mínimo por três anos, durante os quais são capacitados para exercer uma profissão remunerada.

Martins critica veementemente aqueles que se aproveitam da difícil situação dos pescadores profissionais, criando uma falsa imagem de que estão protegidos, quando na realidade muitos não exercem a atividade e exploram aqueles que realmente dependem da pesca para sobreviver. Em contraste, os guias de pesca, que contribuem com seus impostos, não recebem o mesmo apoio governamental durante os quatro meses de período de defeso.

De acordo com o presidente da ACERT, a proibição da comercialização do pescado no Pantanal vai além da proteção do estoque pesqueiro, corrigindo distorções sociais que afetam diretamente a vida dos pescadores profissionais. Com essa medida, eles terão a oportunidade de se qualificar profissionalmente e encontrar empregos no próprio mercado do turismo, assim como ocorreu em Goiás.

Martins ressalta que os associados da ACERT estão liderando a sustentabilidade da pesca esportiva, aderindo amplamente à prática do peque-solte no Pantanal. Essa prática, na qual os peixes são soltos após a captura, é hoje quase uma unanimidade entre os amantes desse esporte. Afinal, se há peixe, há turistas satisfeitos, que têm a oportunidade de fisgar e fotografar o seu troféu, enquanto desfrutam de um serviço de qualidade oferecido pelos barcos-hotéis.

Preservar é o caminho: ACERT busca proteção da vida aquática com pesca pesque e solte no Rio Paraguai.Preservar é o caminho: ACERT busca proteção da vida aquática com pesca pesque e solte no Rio Paraguai

No entanto, o empresário lamenta profundamente o uso de petrechos nocivos nos rios pantaneiros pelo extrativismo, como o anzol de galho, joão-bobo e o espinhel disfarçado. Enquanto os setores ambientalistas concentram sua atenção na pesca esportiva, que atualmente forma uma corrente de proteção à ictiofauna, tais petrechos continuam a ser usados. Martins alerta para a vulnerabilidade do nosso meio ambiente e ressalta a importância de combater a pesca predatória para garantir a sobrevivência e a reposição do estoque de peixes.

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