
O contrato mais líquido do ouro encerrou em baixa nesta quinta-feira (4), após duas sessões seguidas de renovação de máximas históricas. O recuo é atribuído à realização de lucros por parte de investidores e à valorização do dólar, o que torna o metal mais caro para compradores que operam em outras moedas.

Na Comex, divisão de metais da bolsa de Nova York (Nymex), o ouro com vencimento em dezembro caiu 0,79%, sendo negociado a US$ 3.006,70 por onça-troy.
Apesar da retração pontual, o cenário macroeconômico e geopolítico continua sendo amplamente favorável à valorização do metal, segundo analistas do mercado financeiro.
Projeções otimistas e movimento do Fed
Para Nigel Green, CEO do grupo financeiro deVere Group, a escalada recente do ouro reflete a perda de confiança dos investidores em ativos tradicionais e políticas monetárias previsíveis.
“A alta do ouro para território recorde ressalta a dimensão do desconforto entre os investidores. Atualmente, prevemos que o preço atinja US$ 5 mil a onça até o final do primeiro trimestre de 2026”, afirmou Green.
A previsão se baseia na expectativa de que o Federal Reserve (Fed) inicie cortes nas taxas de juros ainda este mês, com base em sinais de desaceleração no mercado de trabalho dos Estados Unidos e riscos crescentes de recessão. Taxas mais baixas reduzem o retorno de aplicações em títulos públicos e depósitos bancários, aumentando o apelo do ouro como ativo de proteção.
Instabilidade política como motor de alta
Outro fator citado por Green são as tensões políticas e fiscais nos EUA, especialmente sob o governo do presidente Donald Trump, que busca a reeleição.
“O ouro prospera em ambientes onde os governos parecem imprevisíveis. Ataques à independência do Fed, políticas comerciais erráticas e déficits crescentes corroem a confiança nas moedas fiduciárias. Os investidores respondem recorrendo a ativos politicamente neutros e globalmente reconhecidos”, explicou.
Esse ambiente de incerteza impulsiona a demanda por ouro como ativo de segurança e reserva de valor, especialmente entre grandes investidores e bancos centrais.
Compras de bancos centrais seguem firmes
De acordo com a corretora Sucden Financial, a demanda oficial por ouro — liderada por bancos centrais — permanece forte, com expectativa de ultrapassar mil toneladas pelo quarto ano consecutivo. Essa movimentação institucional ajuda a sustentar os preços, mesmo com a flutuação nos fluxos especulativos.
Uma pesquisa recente do World Gold Council mostra que quase metade dos bancos centrais globais planeja aumentar suas reservas de ouro, o maior índice já registrado.
A tendência reforça um piso de preço para o metal em torno de US$ 3.280 por onça, servindo como barreira à desvalorização mesmo em momentos de correção no mercado.
Expectativa para o payroll
A atenção dos mercados agora se volta ao relatório de empregos dos EUA (payroll), que será divulgado nesta sexta-feira (5). O documento pode oferecer pistas importantes sobre os próximos passos da política monetária americana e influenciar diretamente o comportamento do ouro nas próximas semanas.
Se os dados confirmarem um arrefecimento da atividade econômica, os investidores devem intensificar suas apostas em cortes de juros, favorecendo ainda mais os ativos não atrelados a rendimento fixo — como o ouro.
