
A decisão do México de aumentar tarifas de importação sobre produtos de países com os quais não mantém acordos comerciais pode afetar até US$ 1,7 bilhão das exportações brasileiras ao país em 2024. A estimativa é da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em dados preliminares que indicam um impacto de 14,7% sobre o total exportado pelo Brasil ao mercado mexicano no ano.
As novas tarifas, aprovadas pelo Congresso mexicano na última quarta-feira (10), entrarão em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026 e atingem mais de 1.400 produtos de 12 países, entre eles Brasil e China. O partido da presidente eleita Claudia Sheinbaum, que defende a medida como estímulo à produção interna, domina as duas casas legislativas.
A CNI ainda aguarda detalhes sobre possíveis alterações no escopo da medida para fazer uma estimativa mais precisa, mas alerta que os setores brasileiros mais sensíveis podem sofrer perda significativa de competitividade. “Os acordos bilaterais vigentes são insuficientes para garantir o acesso isento de tarifas aos principais produtos brasileiros exportados ao México”, afirma a entidade em nota.
O México é atualmente o 10º maior parceiro comercial do Brasil, sendo considerado um mercado prioritário na agenda externa da indústria nacional.
Diante do novo cenário, a CNI pede ao governo brasileiro que intensifique o diálogo diplomático com o governo mexicano, buscando isentar ou diferenciar os produtos brasileiros das novas tarifas. “Isso é fundamental para proteger e ampliar a relação comercial bilateral, sobretudo neste momento de mudança de governo no México e redefinição de prioridades econômicas”, afirma a Confederação.
Para a CNI, a decisão mexicana vai na contramão do processo de modernização das relações comerciais entre os dois países, que vinham sendo conduzidas dentro de um plano de trabalho para ampliação e atualização de acordos bilaterais.
A entidade reitera que a solução de longo prazo é o avanço na negociação de um acordo de livre comércio mais abrangente entre Brasil e México. “Esse acordo permitiria previsibilidade, segurança jurídica e competitividade às exportações brasileiras, além de fortalecer a integração entre as duas maiores economias da América Latina”, defende a CNI.
Até o momento, o governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre a medida. O assunto está em análise pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.

