
A nova ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga os municípios de Aguiarnópolis, no Tocantins, e Estreito, no Maranhão, foi inaugurada nesta segunda-feira (22), com a liberação do tráfego pouco depois das 12h30. A entrega da estrutura ocorre exatamente um ano após o desabamento da antiga ponte, tragédia que deixou 18 vítimas, sendo 14 mortes confirmadas, uma pessoa ferida e três ainda desaparecidas.
A cerimônia de inauguração contou com a presença do ministro dos Transportes, Renan Filho, além dos governadores do Maranhão, Carlos Brandão, e do Tocantins, Wanderlei Barbosa. A nova ligação é considerada estratégica para a mobilidade regional e para o escoamento da produção entre os dois estados.
Com 630 metros de extensão e 19 metros de largura, a nova ponte foi projetada para suportar o tráfego atual e futuro da região. A estrutura possui duas faixas de rolamento com 3,6 metros cada, dois acostamentos de três metros, barreiras de proteção e passagem destinada a pedestres. O vão livre é de 154 metros, permitindo maior segurança e fluidez sobre o Rio Tocantins.
Para a execução da obra, o governo federal investiu aproximadamente R$ 172 milhões. Antes da liberação ao tráfego, a ponte passou por uma série de testes estruturais realizados no último fim de semana. Ao todo, foram cerca de 20 horas de avaliações técnicas para verificar a resistência e a segurança da estrutura.
Durante os testes, oito caminhões do tipo betoneira, carregados e com peso médio de 30 toneladas cada, cruzaram a ponte em sequência e em diferentes velocidades. Sensores instalados ao longo da estrutura monitoraram a trepidação e o comportamento do concreto, permitindo a análise detalhada da resposta da ponte às cargas aplicadas.
A inauguração marca um novo capítulo após o colapso da antiga ponte, construída na década de 1960. Apesar de ter passado por reparos em 2021, a estrutura seguia apresentando problemas até desabar em dezembro do ano passado. No acidente, veículos despencaram no Rio Tocantins, incluindo três motocicletas, um automóvel, duas caminhonetes e quatro caminhões. Dois desses caminhões transportavam cargas perigosas, sendo 76 toneladas de ácido sulfúrico e cerca de 22 mil litros de defensivos agrícolas.
Após o desabamento, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) abriu uma sindicância para apurar as causas e responsabilidades pelo colapso. A investigação, no entanto, ainda não foi concluída. Paralelamente, a Polícia Federal também conduz inquérito sobre o caso.
Um laudo técnico apresentado em julho apontou diversos fatores que contribuíram para o desabamento, entre eles a sobrecarga da ponte ao longo dos anos, deformações no concreto, perda da capacidade estrutural, acúmulo de veículos sobre a travessia e falhas em serviços de manutenção e reformas. O documento destaca que foi decisão do Dnit manter “um tráfego superior ao projetado para a ponte, ao longo das últimas décadas de sua existência”.
Em nota, o Dnit informou que colabora com todos os órgãos responsáveis pelas investigações e que foi instaurada, na Corregedoria do órgão, uma Investigação Preliminar Sumária para apurar as causas do colapso, os prejuízos decorrentes e a quantificação dos danos. O departamento também destacou a contratação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), que produzirá um relatório externo e independente sobre as causas do acidente.
Com a nova ponte em operação, a expectativa é de que a ligação entre Tocantins e Maranhão volte a ocorrer de forma segura, ao mesmo tempo em que seguem as apurações para esclarecer responsabilidades pela tragédia que marcou a história recente da região.

